terça-feira, 26 de novembro de 2013

PALHAÇADA TEM HORA

Palhaçada tem hora?!? Sim tem!


DOC.XLIII - Quanto ao documento 193 - Oriundo do(a):  Sínodo Central Espírito-Santense - Ementa: Consulta sobre a Prática de  atividades sob a direção de Palhaços. A CE-SC/IPB - 2012 RESOLVE: 1. Tomar conhecimento; 2. Considerar e apreciar o zelo do Presbitério com relação ao culto prestado ao Senhor; 3. Declarar que a pregação por pessoas caracterizadas de palhaço nos cultos regulares das igrejas presbiterianas não deve ser  permitida, considerando a seriedade da mensagem do Evangelho, a solenidade do culto e a gravidade do púlpito, reservando a oportunidade da atuação artística  a eventos sociais em acampamentos ou em praças públicas, hospitais e outros eventos similares."

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Resoluções

Resoluções
Em nome de Deus-Pai o Altíssimo e por meio de Seu Bendito e Único Filho Jesus Cristo, Rei e Senhor Nosso, com a ajuda do Consolador e Intercessor o Glorioso Espírito Santo de Deus, essas resoluções são proferidas solenemente por
Marcel Lopes Batista em 10.10.2013


Estando ciente de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente Lhe rogo que, através de Sua graça, me capacite a cumprir fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da Sua vontade, em nome de Jesus Cristo. Lembra de ler estas resoluções uma vez por semana.

1. Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela eternidade fora. Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar.

2. Resolvi permanecer na busca contínua de novas maneiras para poder promover as resoluções acima mencionadas. 

3. Resolvi arrepender-me, caso eu um dia me torne menos responsável no tocante a estas resoluções, negligenciando uma ínfima parte de qualquer uma delas e confessar cada falha individualmente assim que cair em mim. 

4. Resolvi, também, nunca negar alguma maneira ou coisa difícil, seja no corpo ou na alma, menos ou mais, que leve à glorificação de Deus; também não sofrê-la se tiver como evitá-la. 

5. Resolvi jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário, sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível. 

6. Resolvi viver usando todas minhas forças enquanto viver. 

7. Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida. 

8. Resolvi ser a todos os níveis, tanto no falar como no fazer, como se não houvesse ninguém mais vil que eu sobre a terra, como se eu próprio houvesse cometido esses mesmos pecados ou apenas sofresse das mesmas debilidades e falhas que todos os outros; também nunca permitirei que o tomar conhecimento dos pecados dos outros me venha trazer algo mais que vergonha sobre mim mesmo e uma oportunidade de poder confessar meus próprios pecados e miséria a Deus. 

9. Resolvi pensar e meditar bastante e em todas as ocasiões sobre minha própria morte e sobre circunstâncias relacionadas com a morte. 

10. Resolvi, sempre que experimentar e sentir dor, relacioná-la com as dores do martírio e também com as do inferno. 

11. Resolvi que sempre que pense em qualquer enigma sobre a salvação, fazer de tudo imediatamente para resolvê-lo e entendê-lo, caso nenhuma circunstância me impeça de fazê-lo. 

12. Resolvi, assim que sentir um mínimo de gratificação ou deleite de orgulho ou de vaidade, eliminá-lo de imediato. 

13. Resolvi nunca cessar de buscar objetos precisos para minha caridade e liberalidade. 

14. Resolvi nunca fazer algo em forma de vingança. 

15. Resolvi nunca sofrer nenhuma das mais pequenas manifestações de ira vinda de seres irracionais. 

16. Resolvi nunca falar mal de ninguém, de forma tal que afete a honra da pessoa em questão, nem para mais nem para menos honra, sob nenhum pretexto ou circunstância, a não ser que possa promover algum bem e que possa trazer um real benefício. 

17. Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último suspiro. 

18. Resolvi viver de tal forma, em todo o tempo, como vivo dentro dos meus melhores padrões de santidade privada e daqueles momentos que tenho maior clarividência sobre o conteúdo de todo o evangelho e percepção do mundo vindouro. 

19. Resolvi nunca fazer algo de que tenha receio de fazer uma hora antes de soar a última trombeta. 

20. Resolvi manter a mais restrita temperança em tudo que como e tudo quanto bebo. Resolvi me abster de bebida forte e alcóolica para a Glória de Deus (acréscimo meu).

21. Resolvi nunca fazer algo que possa ser contado como justa ocasião para desprezar ou mesmo pensar mal de alguém de quem se me aperceba algum mal. 

22. Resolvi esforçar-me para obter para mim mesmo todo bem possível do mundo vindouro, tudo quanto me seja possível alcançar de lá, com todo meu vigor em Deus – poder, vigor, veemência, violência interior mesmo, tudo quanto me seja possível aplicar e admoestar sobre mim de qualquer maneira que me seja possível pensar e aperceber-me.

23. Resolvi tomar ação deliberada e imediata sempre que me aperceber que possa ser tomada para a glória de Deus e que possa devolver a Deus Sua intenção original sobre nós, Seu desígnio inicial e Sua finalidade. Caso eu descubra, também, que em nada servirá a glória de Deus exclusivamente, repudiarei tal coisa e a terei como uma evidente quebra da quarta resolução.

24. Resolvi que, sempre que encetar e cair por um caminho de concupiscência e mau, voltar atrás e achar sua origem em mim, tudo quanto origina em mim tal coisa. Depois, encetar por uma via cuidadosa e precisa de nunca mais tornar a fazer o mesmo e de orar e lutar de joelhos e com todas as minhas forças contra as origens de tais ocorrências.

25. Resolvi examinar sempre cuidadosamente e de forma constante e precisa, qual a coisa em mim que causa a mínima dúvida sobre o verdadeiro amor de Deus para direcionar todas as minhas fortalezas contra tal origem.

26. Resolvi abater tais coisas, a medida que as veja abatendo minha segurança. 

27. Resolvi nunca omitir nada de livre vontade, a menos que essa omissão traga glória a Deus; irei, então e com frequência, rever todas as minhas omissões.

28. Resolvi estudar as Escrituras de tal modo firme, preciso, constante e frequente que me seja tornado possível e que me aperceba em mim mesmo de que estou crescendo no conhecimento real das mesmas. 

29. Resolvi nunca ter como uma oração ou petição, nem permitir que passe por oração, algo que seja feito de tal maneira ou sob tais circunstâncias que me possam privar de esperar que Deus me atenda. Também não aceitarei como confissão algo que Deus não possa aceitar como tal. 

30. Resolvi extenuar-me e esforçar-me ao máximo de minha capacidade real para, a cada semana, ser levado a um patamar mais real de meu exercício religioso, um patamar mais elevado de graça e aceitação em Deus, do que tive na semana anterior. 

31. Resolvi nunca dizer nada que seja contra alguém, exceto quando tal coisa se ache de pleno acordo com a mais elevada honorabilidade evangélica e amor de Deus para com a sua humanidade, também de pleno acordo com o grau mais elevado de humildade e sensibilidade sobre meus próprios erros e falhas e de pleno acordo àquela regra de ouro celestial; e, sempre que disser qualquer coisa contra alguém, colocar isso mesmo mediante a luz desta resolução convictamente. 

32. Resolvi que deverei ser estrita e firmemente fiel à minha confiança, de forma que o provérbio 20:6 “ Mas, o homem fiel, quem o achará? ” não se torne nem mesmo parcialmente verdadeiro a meu respeito.

33. Resolvi, fazer tudo que poderei fazer para tornar a paz acessível, possível de manter, de estabelecer, sempre que tal coisa nunca possa interferir ou inferir contra outros valores maiores e de aspectos mais relevantes.

34. Resolvi nada falar que não seja inquestionavelmente verídico e realmente verdadeiro em mim. 

35. Resolvi que, sempre que me puser a questionar se cumpri todo meu dever, de tal forma que minha serenidade e paz de espírito sejam ligeiramente perturbadas através de tal procedimento, colocá-lo diante de Deus e depois verificar como tal problema foi resolvido.

36. Resolvi nunca dizer nada de mal sobre ninguém que seja, a menos que algum bem particular nasça disso mesmo.

37. Resolvi inquirir todas as noites, ao deitar-me, onde e em quais circunstancias fui negligente, que atos cometi e onde me pude negar a mim mesmo. Também farei o mesmo no fim de cada ano, mês e semana.

38. Resolvi nunca mais dizer nada, nem falar, sobre algo que seja ridículo, esportivo ou questão de zombaria no dia do Senhor. Noite de Sábado.

39. Resolvi nunca fazer algo que possa questionar sobre sua lealdade e conformidade à lei de Deus, para que eu possa mais tarde verificar por mim se tal coisa me é lícito fazer ou não. A menos que a omissão de questionar me seja tornada lícita. 

40. Resolvi inquirir cada noite de minha existência, antes de adormecer, se fiz as coisas da maneira mais aceitável que eu poderia ter feito, em relação a comer e beber.

41. Resolvi inquirir de mim mesmo no final de cada dia, de cada semana, mês e ano, onde e em que áreas poderia haver feito melhor e mais eficazmente.

42. Resolvi que, com frequência renovarei minha dedicação de mim mesmo a Deus, o mesmo voto que fiz em meu batismo, o qual recebi quando fui recebido na comunhão da igreja e o qual reassumo solenemente neste dia. 

43. Resolvi que a partir daqui, até que eu morra, nunca mais agirei como se me pertencesse a mim mesmo de algum modo, mas inteiramente e sobejamente pertencente a Deus, como se cada momento de minha vida fosse um normal dia de culto a Deus. 

44. Resolvi que nenhuma área desta vida terá qualquer influencia sobre qualquer de minhas ações; apenas a área da vivência para Deus. E que, também, nenhuma ação ou circunstância que seja distinta da religião seja a que me leve a concretizar.

45. Resolvi também que nenhum prazer ou deleite, dor, alegria ou tristeza, nenhuma afeição natural, nem nenhuma das suas circunstâncias co-relacionadas, me seja permitido a não ser aquilo que promova a piedade.

46. Resolvi nunca mais permitir qualquer medida de qualquer forma de inquietude e falta de vontade diante de minha mãe e pai. Resolvi nunca mais sofrer qualquer de seus efeitos de vergonha, muito menos alterações de minha voz, motivos e movimentos de meu olhar e de ser especialmente vigilante acerca dessas coisas quando relacionadas com alguém de minha família, em especial, a amada Edilene Albuquerque Carneiro Batista e ao bendito filho da aliança Matheus Henrique Albuquerque Batista.

47. Resolvido a encetar (iniciar) tudo ao meu alcance para me negar tudo quanto não seja simplesmente disposto e de acordo com uma paz benévola, universalmente doce e meiga, repleta de quietude, hábil, contente e satisfeita em si mesma, generosa, real, verdadeira, simples e fácil, cheia de compaixão, industriosa e empreendedora, cheia de caridade real, equilibrada, que perdoa, formulada por um temperamento sincero e transparente; e também farei tudo quanto tal temperança e temperamento me levar a fazer. Examinarei e serei severo e acutilante nesse exame cada semana se por acaso assim fiz e pude fazer.

48. Resolvi a, constantemente e através da mais acutilante beleza de caráter, empreender num escrutínio e exame minucioso e muito severo, para constatar e olhar qual o estado real de toda a minha alma, verificando por mim mesmo se realmente mantenho um interesse genuíno e real por Cristo ou não; e que, quando eu morrer não tenha nada de que me arrepender a respeito de negligências deste tipo.

49. Resolvi a que tal coisa (de não ter afeto por Cristo) nunca aconteça, se eu a puder evitar de alguma maneira.

50. Resolvi que, sempre agirei de tal maneira, que julgarei e pensarei como o faria dentro do mundo vindouro apenas.

51. Resolvi que, agirei de tal forma em todos os sentidos, como iria desejar haver feito quando me achasse numa situação de condenação eterna.

52. Eu, com muita frequência, ouço pessoas duma certa idade avançada falarem como iriam viver suas vidas de novo caso lhes fosse dada uma segunda oportunidade de a tornarem a viver. Eu resolvi viver minha vida agora e já, tal qual eu fosse desejar vivê-la caso me achasse em situação de desejar vivê-la de novo, como eles, caso eu chegue a uma sua idade avançada como a sua.

53. Resolvi apetrechar e aprimorar cada oportunidade, sempre que me possa achar num estado de espírito sadio e alegremente realizado, para me atirar sobre o Senhor Jesus numa reentrega também, para confiar nEle, consagrando-me a mim mesmo inteiramente a Ele também nesse estado de espírito; que a partir dali eu possa experimentar que estou seguro e assegurado, sabendo que persisto a confiar no meu Redentor mesmo assim.

54. Sempre que ouvir falar algo sobre alguém que seja digno de louvor e dignificante e o possa ser em mim também, resolvi tudo encetar para conseguir o mesmo em mim e por mim. 

55. Resolvi tudo fazer como o faria caso já tivesse experimentado toda a felicidade celestial e todos os tormentos do inferno.

56. Resolvi nunca desistir de vencer por completo qualquer de minhas veleidades corruptas que ainda possam existir, nem nunca tornar-me permissivo em relação ao mínimo de suas aparências e sinais, nem tão pouco me desmotivar em nada caso me ache numa senda de falta de sucesso nessa mesma luta.

57. Resolvi que, quando eu temer adversidades ou maus momentos, irei examinar-me e ver se tal não se deve a: não ter cumprido todo meu dever e cumprir a partir de então; e permitir que tudo o mais em minha vida seja providencial para que eu possa apenas estar e permanecer inteiramente absorvido e envolvido com meu dever e meu pecado diante de Deus e dos homens.

58. Resolvi a não apenas extinguir nem que seja algum leve ar de antipatia, simpatia fingida que encobre meu estado de espírito, impaciência em conversação, mas também e antes poder exprimir um verdadeiro estado de amor, alegria e bondade em todos os meus aspectos de vida e conversação.

59. Resolvi que, sempre que me achar consciente de provocações de má natureza e de mau espírito, que me esforçarei para antes evidenciar o oposto disso mesmo, em boa natureza e maneira; sim, que em tempos tal qual esses, manifestar a boa natureza de Deus, achando, no entanto, que em algumas circunstâncias tal comportamento me traga desvantagens e que, também, em algumas outras circunstâncias, seja mesmo imprudente agir assim.

60. Resolvi que, sempre que meus próprios sentimentos comecem a comparecer minimamente desordenados, sempre que me tornar consciente da mais ligeira inquietude interior, ou a mínima irregularidade exterior, me submeterei de pronto à mais estrita e minuciosa examinação e avaliação pessoal. 

61. Resolvi que a falta de predisposição nunca me torne relaxado nas coisas de Deus e que nunca consiga retirar minha atenção total de estar plenamente fixada e afixada só em Deus, exista a desculpa que existir para me tentar; tudo que a fala de predisposição me instiga a fazer, abre-me o caminho do oposto para fazer.

62. Resolvi a nunca fazer nada a não ser como dever; e, depois, de acordo com Efésios 6:6-8, fazer tudo voluntariosamente e alegremente como que para o Senhor e nunca para homem; “ Sabendo que cada um, seja escravo, seja livre, receberá do Senhor todo bem que fizer”. 

63. Supondo que nunca existiu nenhum indivíduo neste mundo, em nenhuma época do tempo, que nunca haja vivido uma vida cristã perfeita em todos os níveis e possibilidades, tendo o Cristianismo sempre brilhante em todo o seu esplendor, e parecendo excelente e amável, mesmo sendo essa vida observada de qualquer ângulo possível e sob qualquer pressão, eu resolvi agir como se pudesse viver essa mesma vida, mesmo que tenha de me esforçar no máximo de todas as minhas capacidades inerentes e mesmo que fosse o único em meu tempo. 

64. Resolvi que quando experimentar em mim aqueles “gemidos inexprimíveis”, Romanos 8:26, os quais o Apóstolo menciona e dos quais o Salmista descreve como, “ A minha alma se consome de anelos por tuas ordenanças a todo o tempo ”, Salmos 119:20, que os promoverei também com todo vigor existente em mim e que não me “cansarei” (Isaías 40:31) no esforço de dar expressão a meus desejos tornados profundos nem me cansarei de repetir esses mesmos pedidos e gemidos em mim, nem de o fazer numa seriedade contínua.

65. Resolvi que, me tornarei exercitado em mim mesmo durante toda a minha vida, com toda a franqueza que é possível, a sempre declarar meus caminhos a Deus e abrir toda a minha alma a Ele: todos os meus pecados, tentações, dificuldades, tristezas, medos, esperanças, desejos e toda outra coisa sob qualquer circunstância. Tal como o Dr. Manton diz em seu sermão nr.27, baseado no Salmo 119.

66. Resolvi que, sempre me esforçarei para manter e revelar todo o lado benigno de todo semblante e modo de falar em todas as circunstâncias de toda a minha vida e em qualquer tipo de companhia, a menos que o dever de ser diferente exija de mim que seja de outra maneira.

67. Resolvi que, depois de situações aflitivas, avaliarei em que aspectos me tornei diferente por elas, em quais aspectos melhorei meu ser e que bem me adveio através dessas mesmas situações.

68. Resolvi confessar abertamente tudo aquilo em que me acho enfermo ou em pecado e também confessar todos os casos abertamente diante de Deus e implorar a necessária condescendência e ajuda dele até nos aspectos religiosos.

69. Resolvi fazer tudo aquilo que, vendo outros fazerem, eu possa haver desejado ter sido eu a fazê-lo. 

70. Que haja sempre algo de benevolente toda vez que eu fale. 





Tradução livre: José Mateus (Portugal)
Julho/2004


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Espirito Santo

6. O Espírito Santo
Índice
6.1 O Espírito Santo (Paráclito)
6.2 A Dinvidade do Espírito Santo
6.3 A Personalidade do Espírito Santo 
6.4  O testemunho Interior do Espírito Santo
6.5 Iluminação - O Espírito Santo dá Entendimento Espiritual
6.6 O Espírito Santo como Santificador
6.7 Dons Espirituais - O Espírito Santo prepara a Igreja
6.8 O Batismo do Espírito Santo 
6.9 A Importância da Obra do Espírito Santo
 Todos os estudos bíblicos podem ser baixados em PDF no anexo localizado no fim desta página.
6.1 O Espírito Santo (Paráclito)
O Espírito Santo Ministra aos crentes

"Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar." Jo 16.13,14

Antes da paixão de Jesus. Ele prometeu que o Pai e Ele enviariam a seus discípulos "outro Consolador" (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). O Consolador ou Paráclito (ou Paracleto, da palavra grega parakletos, que significa o que dá auxilio), é um ajudador, conselheiro. fortalecedor, estimulador, aliado e advogado. Outro única que Jesus foi o primeiro Paráclito e está prometendo um substituto, que, após sua partida, continuará o ensino e o testemunho que Ele havia iniciado (Jo 16.6,7).

O ministério do Paráclito, por sua própria natureza, é um ministério pessoal e relacional, implicando a plena pessoalidade de quem o consuma. Embora o Velho Testamento tenha dito muito acerca da atividade do Espírito na Criação (por exemplo, Gn 1.2; Sl 33.6), na revelação (p. ex., Is 61.1-6; Mq 3.8), na capacitação para o serviço (p. ex., Êx 31.2-6; Jz 6.34; 15.14,15; Is 11.2), e na renovação interior (p. ex., Sl 51.10-12; Ez 36.25-27), ele não torna claro que o Espírito é uma Pessoa divina distinta. No Novo Testamento, contudo, fica claro que o Espírito é verdadeiramente uma Pessoa distinta do Pai, assim como é o Filho. isto é evidente não somente pela promessa de "outro Consolador", mas também pelo fato de que o Espírito, entre outras coisas, fala (At 1.16; 8.29; 10.19; 11.12; 13.2; 28.25), ensina (Jo 14.26), testemunha (Jo 15.26), busca (1 Co 2.10,11), determina ( 1 Co 12.11), intercede (Rm 8.26,27), é alvo de mentira (At 5.3), e pode ser afligido (Ef 4.30). Somente de um ser pessoal podem ser ditas tais coisas.

A divindade do Espírito surge da declaração de que mentir ao Espírito é mentir a Deus (At 5.3,4), e da associação do Espírito com o Paia e o Filho nas bênçãos ( 2 Co 13.14; Ap 1.4-6) e  na fórmula do batismo (Mt 28.19). O Espírito é chamado "os sete espíritos" em Apocalipse 1.4; 3.1; 4.5; 5.6, em parte, parece, porque sete é um número que significa a perfeição divina e, em parte, porque o Espírito ministra em sua plenitude.

Portanto, o Espírito é "Ele", não "ele", e deve ser obedecido, amado e adorado, juntamente com o Pai e o Filho.

Testemunhar a Jesus Cristo, glorificá-lo, mostrando a seus discípulos quem e o que Ele é (Jo 16.7-15), e fazê-los cônscios do que são nele (Rm 8.15-17; Gl 4.6) é o ministério central do Paráclito. O Espírito nos ilumina (Ef 1.17,18), regenera (Jo 3.5-8), guia-nos à santidade (Rm 8.14; Gl 5.16-18), transforma-nos (2 Co 3.18; Gl 5.22,23), dá-nos certeza ( (Rm 8.16), e dons para ministério ( 1 Co 12.4-11). Todo trabalho de Deus em  nós, tocando nosso corações, nosso caráter e nossa conduta,  é feito pelo Espírito, embora aspectos desse trabalho sejam, às vezes, atribuídos ao Pai e ao Filho, de quem o espírito é executivo.

O pleno ministério do Espírito começa na manhã do Pentecostes, logo depois da ascensão de Jesus (At 2.1-40, João Batista predisse que Jesus batizaria com Espírito Santo ( Mc 1.8; Jo 1.33), de acordo com a promessa do Velho Testamento de um derramamento do Espírito de Deus nos últimos dias (Jl 2.28-32; cf. jr 31.31-34), e Jesus havia repetido a promessa (At  1.4,5). A significação da manhã do Pentecostes foi duplo: ela  marcou o início da era final da história do mundo antes do retorno de Cristo, e, comparada com a era do Velho Testamento, marcou uma formidável intensificação do ministério do Espírito e da experiência de viver para Deus.

Os discípulos de Jesus foram evidentemente crentes nascidos  do Espírito antes do Pentecostes, de sorte que seu batismo no Espírito, que trouxe poder à sua vida e ministério (At 1.8),  não foi o começo de sua experiência espiritual. Para todos, porém, que chegaram à fé desde a manhã do Pentecostes, começando com os convertidos naquele evento, o recebimento do Espírito na plena bênção da nova aliança tem sido um aspecto de sua conversão  e novo nascimento (At 2.37; Rm 8.9. 1 Co 12.13). Todas as aptidões para o serviço que surgem subseqüentemente na vida de um cristão devem ser vistas como a seiva emanada desse batismo espiritual inicial, que une vitalmente o pecador ao Cristo ressurreto.

Autor: J. I. Packer
Fonte: Teologia Concisa, pg. 135, Ed. Cultura Crista. Compre este livro em http://www.cep.org.br

6.2 A Dinvidade do Espírito Santo

Gn 1.12; At 5.3,4; Rm 8.9-17; 1 Co 6.19,20; Éf 2.19-22

Na liturgia da Igreja, freqüentemente ouvimos as palavras: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, amém". Esta expressão é uma fórmula trinitariana que atribui divindade a todas as três pessoas da Trindade.

Semelhante, cantamos:
Glória seja dada ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no principio, é hoje e para todos sempre, eternamente. Amém, Amém.

Este cântico atribui glória eterna às três pessoas da Trindade. O Espírito Santo recebe glória junto com o Pai e o Filho.

Enquanto a divindade de Cristo foi debatida durante séculos e o debate continua ainda hoje, a divindade do Espírito Santo geralmente é aceita na Igreja. A razão pela qual a divindade do Espírito Santo nunca tenha sido alvo da controvérsia, talvez seja porque nunca assumiu a forma humana.

A Bíblia claramente representa o Espírito Santo como possuindo atributos divinos e exercendo autoridade divina. Desde o século IV, praticamente todos os que concordam que ele é uma pessoa também concordam que o Espírito é divino.

No Antigo Testamento, o que se diz de Deus  freqüentemente também se  diz do Espírito de Deus. As expressões "Deus disse" e o "Espírito disse" são repetidamente intercambiadas. Estes padrão continua no Novo Testamento; talvez em nenhum outro texto isso fique tão claro como em Atos 5.3,4, onde Pedro diz: "Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao  Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?... Não mentiste aos  homens, mas a Deus". Resumindo, mentir ao Espírito Santo é o mesmo que ao próprio Deus.

As Escrituras também se referem aos atributos divinos do Espírito Santo. Paulo escreve sobre a onisciência do Espírito em 1 Coríntios 2.10,11: "Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. O salmista atesta sobre a onipresença do Espírito no Salmo 139.7,8: "Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;" . O Espírito também operou na criação, movendo-se sobre a face das águas (Gn 1.1,2).

Como uma declaração conclusiva sobre a divindade do Espírito Santo, temos a bênção de Paulo no final da sua segunda carta aos Coríntios: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós." (2 Co 13.13).

Sumário
1. A liturgia da igreja atribui divindade ao Espírito Santo.

2. O Antigo Testamento reconhece atributos e autoridades divinos do Espírito Santo.

3. O Novo Testamento reconhece atributos divinos do Espírito Santo.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br

6.3 A Personalidade do Espírito Santo 
Jo 16.13; 2 Co 13.13; 1 Tm 4.1; Tg 4.5; 1 Jo 5.6

"Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo." (Jo 16.7,8)

Na noite em que minha esposa se converteu a Cristo, ela exclamou: "Agora eu  sei quem é o Espírito Santo". Antes daquele momento, ela pensava no Espírito como uma "coisa" e não como um ser pessoal.

Quando falamos da personalidade do Espírito Santo, queremos dizer que o Terceiro Membro da Trindade é uma pessoa e não  uma força. Isso é muito claro nas Escrituras, onde só pronomes pessoais são usados em referência ao Espírito. Em João 16.13, Jesus disse: "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.".

Visto que o Espírito Santo é uma pessoal real e distinta, e não uma força impessoal, podemos experimentar uma relacionamento pessoal com ele. Paulo  abençoa a igreja de Corinto de uma maneira que enfatiza isso: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós." (2 Co 13.13 - ou em algumas versos 2 Co 13.14). Ter comunhão com alguém é entrar em  relação pessoal com ele. Além disso, somos intimados a não pecar contra, resistir ou entristecer o Espírito Santo. Forças impessoais não podem ser "entristecidas". Tristeza só pode ser experimentada por um ser pessoal.

O Espírito Santo é uma pessoa, e por isso é correto orar a ele. Seu papel na oração é nos assistir, para nos expressarmos adequadamente ao Pai. Assim como Jesus intercede por nós como Sumo Sacerdote, também o Espírito Santo intercede por nós em oração.

Finalmente, a Bíblia fala do Espírito Santo desempenhado tarefas que só pessoas podem desempenhar. O Espírito conforta, guia e ensina os eleitos (ver Jo 16). Essas atividades são feitas de uma maneira que envolve inteligência, vontade, sentimentos e poder. Ele sonda, escolhe, revela, conforta, convence e admoesta.Somente uma pessoa poderia fazer tais coisas. A resposta do cristão, portanto, não é mera afirmação de que tal ser existe, mas antes, obedecer, amar e adorar o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade.

Sumário

1. O Espírito Santo é uma pessoa, não uma força impessoal.

2. A Bíblia usa pronomes pessoas ao referir ao Espírito Santo.

3. A obra do Espírito Santo tanto requer como exibe personalidade.

4. O cristão experimenta um relacionamento pessoal com o Espírito Santo.

5. o Espírito Santo deve ser cultuado e obedecido.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br

6.4 O testemunho Interior do Espírito Santo
Jo 15.13; At 5.32; At 15.28; Rm 8.16; Gl 5.16-18

"E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem." At 5.32

Em qualquer tribunal de júri que inclua testemunhas, o depoimento delas é crucial para o caso. O testemunho é importante porque destina-se a ajudar-nos a chegarmos à verdade sobre o caso. Em alguns julgamentos, o depoimento de algumas testemunhas é questionado em razão de o caráter delas ser suspeito.  O testemunho de um psicopata mentiroso tem pouquíssimo valor. Para que o testemunho tenha credibilidade, a testemunha precisa ser confiável.

Quando Deus testifica sobre a verdade de alguma coisa, seu testemunho é certo e totalmente inquestionável. O testemunho que tem Deus como autor não pode falhar. Ele é de fato um testemunho infalível. Procede do caráter mais elevado possível, da fonte mais profunda de conhecimento e da mais suprema autoridade. A confiabilidade do testemunho de Deus fez Lutero certa vez declarar: "O Espírito Santo não é cético." As verdades que p Espírito Santo revela são maus certas do que a própria vida.

João Calvino ensinava que apesar de as Escrituras  manifestarem sinais claros e inquestionáveis da sua autoridade divina e exibir evidências satisfatórias de sua origem divina, essas evidências não nos persuadem plenamente até que,  ou a menos que, sejam seladas em nosso coração por meio do testemunho interior do Espírito Santo. Calvino reconhecia a diferença entre prova e persuasão. Mesmo que sejamos capazes de oferecer provas objetivas e conclusivas sobre a verdade das Escrituras, isso não é garantia de que as pessoas irão crer nelas, aceitá-las ou abraçá-las. Para que sejamos persuadidos quanto à verdade das Escrituras, precisamos de ajuda do testemunho interior do Espírito. Ele nos leva a concordar com as evidências irrefutáveis da verdade da Bíblia ou aceitá-las.

E seu testemunho interior, o Espírito Santo não oferece nenhuma informação nova e secreta, nem nenhum argumento mais engenhosos ao qual não podemos ter acesso por outros meios. Pelo contrário, ele opera em nosso espírito para quebrar e vencer nossa resistência à verdade de Deus. Ele nos move a redermos-nos ao ensino claro da Palavra de Deus e a abraçá-la cheios de confiança.

O testemunho interior do Espírito não é uma figura para misticismo nem um escape para o subjetivismo, onde os sentimentos pessoais são elevados à condição de autoridade absoluta. Existe uma diferença crucial entre o testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito e o testemunho humano do nosso próprio espírito. O testemunho do Espírito Santo é a Palavra de Deus. Chega a nós com a Palavra e através da Palavra. Não é um testemunho separado ou desprovido da Palavra.

Assim como o Espírito Santo testifica ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, confirma sua Palavra a nós (Rm 8.16), assim ele também nos assegura intimamente que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Sumário
1. O testemunho de Deus é totalmente confiável.

2. A Bíblia oferece evidências objetivas de que é a Palavra de Deus.

3. Não somos totalmente persuadidos quanto à verdade das Escrituras sem o testemunho do Espírito Santo.

4. O testemunho interior do Espírito não oferece argumento novo à mente, mas opera em nosso coração e em nosso espírito nos levando a aceitarmos as evidências que já estão lá.

5.  A doutrina do testemunho interno do Espírito Santo não é uma licença para acreditarmos que tudo o sentimos ser verdadeiro é de fato verdadeiro.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro http://www.cep.org.br

6.5 Iluminação
O Espírito Santo dá Entendimento Espiritual

"O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente."1 Coríntios 2.14

O conhecimento das coisas divinas, para o qual os cristãos são atraídos, é mais do que uma intimidade formal com as palavras bíblicas e as idéias cristãs. É uma conscientização da realidade e relevância das atividades do Deus triúno, as quais a Escritura testifica. Tal conscientização não é normal nas pessoas, por mais familiaridade que tenham com as idéias cristãs (como o homem sem o Espírito em 1 Co 2.14, que não aceita o que os cristãos lhe dizem, ou os cegos guias de cegos, de quem Jesus falou tão causticamente em Mt 15.14, ou Paulo antes do seu encontro com Jesus na estrada de Damasco). Somente o Espírito Santo, perscrutador das profundezas de Deus (1 Co 2.10), pode efetuar essa conscientização em nossas mentes e corações obscurecidos pelo pecado. É por isso qie é chamada “entendimento espiritual” (espiritual significa “dado pelo Espírito”, Cl 1.9; cf. Lc 24.25; 1 Jo 5.20) . Aqueles que, ao lado de uma sólida instrução verbal, possuem “unção que vem do Santo...(têm) conhecimento da verdade” 1Jo 2.20.

A obra do Espírito de conceder esse conhecimento é chamada “iluminação”. Não é uma nova revelação que esteja sendo dada, mas uma obra dentro de nós que nos capacita a compreender e amar a revelação que está ali diante de nós no texto bíblico ouvido ou lido., e explanado por professores e escritores. O pecado em nosso sistema mental e moral anuvia nossas mentes e vontades, de modo que não compreendemos a força da Escritura e resistimos a ela. Deus parece-nos remoto, ao extremo da irrealidade, e diante da sua verdade somos embotados a apáticos. O Espírito, contudo, abre e desanuvia nossas mentes, sintonizando nossos corações para que compreendamos (Ef 1.17,18; 3.18,19; 2 Co 3.14-16; 4.6). Como pela iluminação é, pois, a aplicação da verdade revelada de Deus aos nossos corações, a fim de que apreendamos como realidade para nós o que o texto sagrado anuncia.

A iluminação, que é um ministério permanente do Espírito Santo aos cristãos, inicia antes da conversão com uma crescente compreensão da verdade acerca de Jesus Cristo e uma crescente sensação de estar sendo avaliado e exposto por ela. Jesus disse que o Espírito “convenceria o mundo” do pecado de não crer nele, do fato de Ele estar à direita de Deus Pai (como seu bom acolhimento na volta ao céu o provou), e da realidade do julgamento tanto aqui como na vida futura (Jô 16.8-11). Este convencimento triplo é ainda o meio de Deus fazer que o pecado seja repulsivo e Cristo adorável aos olhos das pessoas que antes amavam o pecado e não tinham nenhum interesse pelo divino Salvador.

A forma de ser plenamente beneficiado pelo ministério da iluminação do Espírito é o estudo sério da Bíblia, a oração séria e a séria correspondência obediente a todas e quaisquer verdades que já tenham sido expostas. Isto corresponde à máxima de Lutero sobre as três coisas que fazem um teólogo: oratio (oração), meditatio (pensar na presença de Deus sobre o texto), e tentatio (provação, a luta pela fidelidade bíblica diante da pressão para desatender o que a Escritura diz).

Autor: J. I. Packer
Fonte: Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista. Compre este livro em http://www.cep.org.br 

6.6 O Espírito Santo como Santificador
Jo 15.26; 2 Co 3.17,18; Gl 4.6; Fp 2.12,13; 1 Pe 1.15,16

Deus chama todas as pessoas para espelharem e refletirem o caráter dele: "segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santo também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo" (1 Pe 1.15,16). Nosso problema é que não somos intrinsecamente santos; somos profanos. Mesmo assim, a Bíblia se refere a nós com "os santos". Visto que a santidade não se encontra em nós, temos de nos tornar santo. É o Espírito Santo quem opera para  nos tornar santos, para nos conformar com a imagem de Cristo. Como a Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo não é mais do que Pai e o Filho, muito embora não falemos do Pai Santo e do Filho Santo e do Espírito Santo. O Espírito de Deus é chamado de Espírito Santo não tanto por causa da sua pessoa (a qual de fato é santa), mas por causa de sua obra de nos fazer santos.

Esta é a obra especial do Espírito Santo: nos fazer santos. Ele nos consagra. O Espírito Santo cumpre a função de santificação. Ser santificado significa ser feito santo, ou justo. A santificação é um processo que começa no momento em que nos tornamos cristãos. Esse processo continua até a morte, quanto finalmente o crente torna-se total e eternamente justo.

A fé  reformada é distintiva em sua ênfase sobre a obra exclusiva do Espírito Santo na regeneração. Nós não cooperamos com o Espírito no Novo Nascimento. Rejeitamos totalmente qualquer noção de esforço cooperativo na regeneração do crente. A santificação, entretanto, é outro assunto. Nossa santificação é uma obra conjunta, de cooperação. Temos de trabalhar junto com o Espírito Santo para crescermos em santificação. O apóstolo Paulo expressou esta idéia em sua carta à igreja de Filipos:

"De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;  Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." (Fp 2.12,13)

O chamado à cooperação é algo que envolve esforço. Temos de labutar com empenho. Labutar com temor não pressupõe um espírito de terror, mas de reverência associada à diligência. Somos consolados com o conhecimento de que não somos deixados sozinhos nessa tarefa, ou entregues aos nossos próprios esforços. Deus está operando em nosso íntimo para realizar nossa santificação.

O Espírito Santo habita no crente, operando para produzir uma vida e um coração mais justo. Devemos ser cuidadosos, entretanto, para não confundir habitação do Espírito com algum tipo de deificação do indivíduo. O Espírito está no crente e age com o crente, mas não se converte no crente. O Espírito trabalha para produzir seres humanos santificados - não criaturas deificadas. Quando o Espírito habita em nós, ele não se torna humano e nós não nos tornamos deuses. O Espírito Santo não destrói nossa identidade pessoal como seres humanos. Em nossa santificação, devemos nos tornar semelhantes a Deus quanto ao caráter não quanto à essência.

Sumário

1. Deus nos chama para refletirmos sua santidade.

2. Tornarmo-nos santos requer que recebamos santidade de fora de nós mesmos.

3. O Espírito Santo se chama santo por causa obra como nosso santificador.

4. A santificação é um processo que dura à vida toda.

5. A santificação é uma obra cooperativa, envolvendo o crente e o Espírito Santo.

6. A habitação do Espírito Santo em nós não opera nossa deificação.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br 

6.7 Dons Espirituais
O Espírito Santo prepara a Igreja

"E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo... E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho de seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo." Efésios 4.7,11,12

O Novo Testamento retrata as igrejas locais, em que alguns cristãos exercem ofícios ministeriais formais e oficiais (presbíteros-supervisores e diáconos, Fp 1.1), enquanto todos desempenham serviços em papéis informais. O ministério de cada membro no corpo de Cristo é o ideal neotestamentário. É claro que os oficiais que supervisionam não devem restringir os ministérios informais, mas sim facilitá-los (Ef 4.11-13), do mesmo modo que é claro que os que ministram informalmente não devem permitir que os supervisores dirijam seus ministérios por meios que sejam ordeiros e edificadores (isto é, confortando e edificando, 1 Co 14.3-5, 12, 26, 40; Hb 13.17). O corpo de Cristo cresce na maturidade em fé e amor, “segundo a justa cooperação de cada parte” (Ef 4.16) e cumpre sua forma de serviço doadora de graça (Ef 4.7,12).

A palavra dom (literalmente “dádiva” ou “doação”) aparece em conexão co serviço espiritual somente em Efésios 4.7,8. Paulo explica a frase Ele... concedeu dons aos homens referindo-se ao Cristo assunto ao céu dando à sua igreja pessoas chamadas e preparadas para o ministério de apóstolo, profeta, evangelista e pastor-mestre. Outrossim, por meio do ministério capacitador desses oficiais, Cristo está concedendo um papel ministerial de uma forma ou de outra a cada cristão. Em outras partes (Rm 12.4-8; 1 Co 12-14), Paulo chama esses poderes dados divinamente para servir charismata (dons que são manifestações específicas de charis ou graça, o amor ativo e criativo de Deus, 1 Co 12.4), e também pneumatika (dons espirituais como demonstrações específicas da energia do Espírito Santo, pneuma de Deus, 1 Co 12.1).

Entre as muitas obscuridades e questões debatidas com respeito ao charismata do Novo Testamento, três certezas despontam. Primeira, um dom espiritual é uma capacidade de certa forma de expressar, celebrar, expor e, portanto, transmitir Cristo. Sabemos que os dons, corretamente usados, edificam os cristãos e as igrejas. Mas somente o conhecimento de Deus em Cristo edifica; portanto, cada charisma deve ser uma capacitação de Cristo para mostrar Cristo e participar dele de um modo edificante.

Segundo, os dons são de dois tipos. Há dons de falar e de amar, de ajuda prática. Em Romanos 12.6-8, a lista de Paulo sobre os dons alterna entre as categorias: um, três e quatro (profetizar, ensinar e exortar) são dons de falar; itens dois, cinco seis e sete (servir, dar, guiar e mostrar misericórdia) são dons de ajuda. A alternância implica que nenhuma idéia de superioridade de um dom sobre o outro pode ser introduzida. Apesar do quanto os dons diferem como formas de atividade humana, todos são de igual dignidade, e a única questão é se o cristão usa apropriadamente o dom que possui (1 Pe 4.10,11).

Terceiro, nenhum cristão é falto de dom (1 Co 12.7; Ef 4.7), sendo responsabilidade de todos encontrar, desenvolver e usar plenamente quaisquer capacidade para o serviço que Deus lhes concedeu.

Autor: J. I. Packer
Fonte: Teologia Concisa, Ed. Cultura Crista. Compre este livro em http://www.cep.org.br

6.8 O Batismo do Espírito Santo 
Jl 2.28,29; Jo 7.37-39; At 2.1-11; 1 Co 12; 1 Co 14.26-33

"E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado." Jo 7.39

"Você já recebeu o batismo do Espírito Santo?" Uma pessoa que se torna cristã em nossos dias mais cedo ou mais tarde ouvirá esta pergunta. Tal pergunta geralmente é feita pelos cristãos carismáticos, os quais são entusiastas a respeito das  experiências que têm com o Espírito Santo..

Uma doutrina que antigamente era mais confinada às igrejas Pentecostais e à Assembléia de Deus agora tem se tornado o ponto de central importância para um grande número de crentes. O movimento neo-pentecostal tem alcançado praticamente todas as denominações cristãs. Um senso de empolgação e de avivamento espiritual geralmente acompanha essa nova descoberta da presença e do poder do Espírito Santo na Igreja.

O neo-pentecostalismo procura definir a doutrina do batismo do Espírito Santo com base nas experiências das pessoas. Tal doutrina tem sido amplamente controvertida.

Geralmente, mas não sempre, os cristãos carismáticos consideram o batismo do Espírito Santo como uma segunda obra de graça, distinta e subseqüente à regeneração e à conversão. Os carismáticos estão divididos entre eles mesmos quanto à questão, se falar em línguas é um sinal necessário ou uma manifestação do "batismo".

Os pentecostais apontam para o padrão no livro de Atos, onde os crentes (os quais experimentaram a obra regeneradora do Espírito Santo antes do dia de Pentecostes) foram cheios do Espírito Santo e falaram em línguas. Este padrão bíblico, que inclui um lapso de tempo entre a conversão e o batismo do Espírito, é usado então como norma para todas as épocas.

Os pentecostais estão certos em ver certa distinção entre a regeneração pelo Espírito Santo e o batismo. Regeneração refere-se ao Espírito Santo dando nova vida ao crente - vivificando aquele que estava morto no pecado. O batismo do Espírito Santo refere-se a Deus capacitando seu povo para o ministério.]]Embora a distinção entre a regeneração e o batismo do Espírito Santo seja legítima, transforma o lapso de tempo entre ambos numa norma para todas as gerações é uma atitude improcedente. O padrão normal desde os dia dos apóstolos tem sido que os cristão recebem a capacitação do Espírito Santo juntamente com a regeneração. Não é necessário que o crente busque uma segunda e especifica obra do batismo do Espírito depois da conversão. Todos cristão é cheio do Espírito, numa medida maior ou menor, dependendo da correspondência de consagração a ele.

Outro problema com doutrina pentecostal é que ela tem uma visão incorreta do Pentecostes, o qual é uma "linha divisória" na história do Novo Testamento. No Antigo Testamento, só alguns crentes selecionados foram dotados por Deus com dons para o ministério (ver Nm 11). Este padrão mudou no Pentecostes, quando todos os crentes presentes (todos judeus) receberam o batismo. Semelhantemente, nos derramamentos posteriores, os convertidos samaritanos (At 8), o crentes na casa de Cornélio (At 10) e os discípulos gentios de João Batistas que viviam em Éfeso (At 19), todos receberam o batismo do Espírito.

Os primeiros crentes não acreditavam que os samaritanos, os prosélitos e os discípulos de João Batista pudessem ser cristãos. Desta maneira, o batismo do Espírito Santo serviu como confirmação de sua membresia na Igreja. Visto que cada um desses grupos experimentou o batismo do Espírito Santo da mesma maneira que os judeus experimentaram no Pentecostes, a inclusão deles na Igreja era inquestionável. O próprio Pedro foi o primeiro a experimentar isso. Quando viu o Espírito Santo descer sobe os gentios tementes a deus na casa de Cornélio, ele concluiu que não havia nada que impedisse que fossem aceitos plenamente como membros da Igreja. Pedro disse: "Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?" (At 10.47).

Os episódios subseqüentes do batismo do Espírito Santo, depois do Pentecostes devem ser entendidos como uma extensão do Pentecostes, por meio do qual todo o Corpo recebeu dons para o ministério. Na igreja do Novo testamento nem todos os cristãos falaram em línguas, mas todos os cristãos receberam dons do Espíritos Santo. Desta maneira, se cumpriu a profecia de Joel (At 2.16-21).

Sumário
1. O batismo do Espírito Santo é uma obra distinta da qual o Espírito dota os crentes com dons para o ministério.

2. No livro de Atos, o Espíritos Santo foi derramado sobre quatro grupos (judeus, samaritanos, prosélitos e gentios), indicando que todos estavam incluídos na igreja.

3. O Pentecostes cumpre a profecia do Antigo Testamento de que o Espírito seria derramando sobre todos os crentes e não sobre um grupo restrito.

Autor:  R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã. Compre este livro em http://www.cep.org.br



Para esse estudo sobre O Batismo do Espírito Santo, veja este dois vídeos abaixo com a perfeita, clara e bíblica exposição do Grande Homem de Deus, Rev. Augustus Nicodemus Lopes

O Batismo com o Espirito Santo - Parte 01 de 02 - Rev. Augustus Nicodemus Lopes


O Batismo com o Espirito Santo - Parte 02 de 02 - Rev. Augustus Nicodemus Lopes

6.9 A Importância da Obra do Espírito Santo
Mas a obra do Espírito Santo é realmente importante?
Importante! E tão importante que se não fosse pela ação do Espírito Santo não haveria Evangelho, nem fé, nem Igreja e nem cristianismo no mundo.
Em primeiro lugar: sem o Espírito Santo não haveria Evangelho nem Novo Testamento.
Quando Cristo deixou o mundo, entregou sua causa aos discípulos. Deu-lhes a responsabilidade de ir e fazer discípulos em todas as nações, "E vocês também testemunharão", disse-lhes no cenáculo 0o 15:27). "E serão minhas testemunhas [...] até aos confins da terra" foram suas palavras de despedida no monte das Oliveiras antes da ascensão (At 1:8). Esta foi a tarefa que lhes confiou, mas que tipo de testemunhas seriam? Não tinham sido bons alunos; conseqüentemente não conseguiam entendê-lo, e não compreenderam seus ensinamentos durante seu ministério na terra; como poderiam esperar melhorar agora, depois de sua partida? Não era certo que eles logo estariam misturando a verdade do Evangelho com uma série de equívocos bem-intencionados, e seu testemunho seria rapidamente reduzido a uma confusão distorcida e deturpada, embora possuíssem boa vontade?
A resposta a essa pergunta é negativa, porque Cristo enviou o Espírito Santo para lhes ensinar todas as verdades, livrando-os de erros, recor-dando-lhes as coisas aprendidas e revelando-lhes o restante do que o Senhor queria ensinar. "[...] o Conselheiro [...] lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" 0o 14:26). "Tenho ainda muito que lhes dizer, mas vocês não o podem suportar agora. Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que tiver ouvido" — isto é, o Espírito lhes esclareceria a eles tudo o que Cristo lhe dissesse, do mesmo modo como Cristo lhes mostrara as coisas que o Pai queria que ele transmitisse (v. Jo 12:49; 17:8,14) — "e lhes anunciará o que está por vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido" (16:12-14). Deste modo "ele testemunhará a meu respeito" — a vocês, meus discípulos, a quem o enviarei — "e" — equipados e capacitados pela sua atuação — "vocês também testemunharão [...]" (15:26,27).
A promessa consistia em que, ensinados pelo Espírito, esses primeiros discípulos seriam capacitados como porta-vozes de Cristo. À semelhança dos profetas que no Antigo Testamento começavam seus sermões com as palavras "Assim diz o Senhor Jeová", no Novo Testamento os apóstolos poderiam, com igual autoridade, afirmar em seus ensinamentos orais ou escritos "Assim diz o Senhor Jesus Cristo".
E foi o que aconteceu. O Espírito veio sobre os discípulos e testemunhou-lhes de Cristo e sua salvação de acordo com a promessa feita. Referindo-se às glórias desta salvação ("o que Deus preparou para aqueles que o amam"), Paulo escreve:
... Deus o revelou a nós por meio do Espírito [...] porém [...] recebemos [...] o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente. Delas também falamos [e ele poderia ter acrescentado escrevemos] não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito. I Coríntios 2:9-13
O Espírito testificou aos apóstolos revelando-lhes toda a verdade e inspirando-os a transmiti-la com toda a fidelidade. Por essa razão temos o Evangelho e o Novo Testamento. Mas o mundo não teria os dois sem o Espírito Santo.
E isto não é tudo. Em segundo lugar, sem o Espírito Santo não haveria fé, nem novo nascimento — em resumo, não haveria cristãos.
A luz do Evangelho brilha, mas "O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes" (2Co 4:4), e o cego não reage ao estímulo da luz. Como Cristo explicou a Nicodemos: "Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo" (Jo 3:3; cf. v. 5). Falando por si mesmo e por seus discípulos a Nicodemos e a toda classe de pessoas religiosas não-regeneradas, à qual Nicodemos pertencia, Cristo continuou explicando que a conseqüência inevitável da não-regeneração é a descrença: "[...] vocês não aceitam nosso testemunho" (v. 11). O Evangelho não produziu neles convicção alguma; a incredulidade os mantinha irredutíveis. O que aconteceu então? Devemos concluir que é perda de tempo pregar o Evangelho, e que a evangelização deve ser riscada como um empreendimento sem esperança, fadado ao fracasso? Não, porque o Espírito habita com a Igreja para dar testemunho de Cristo. Aos apóstolos, como já vimos, ele se manifestou revelando e inspirando. Aos outros homens, durante séculos, ele se manifesta iluminando, abrindo os olhos vendados, restaurando a visão espiritual, capacitando os pecadores a perceber que o Evangelho é realmente a verdade divina, as Escrituras são a Palavra de Deus e Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus. "Quando ele [o Espírito] vier", o Senhor prometeu, "convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo" (16:8).
Não devemos pensar que podemos provar a verdade do cristianismo por meio de nossos argumentos; ninguém, a não ser o Espírito Santo, pela própria obra poderosa de renovação do coração endurecido, pode provar essa verdade. É prerrogativa soberana do Espírito Santo de Cristo convencer a consciência das pessoas sobre a verdade do Evangelho de Cristo; e a testemunha humana de Cristo deve aprender a basear sua esperança de sucesso não em brilhantes apresentações da verdade pelo ser humano, mas na poderosa demonstração da verdade pelo Espírito.
Paulo mostra o caminho. "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria [...] A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana e sim no poder de Deus" (1Co 2:1-5). Os homens crêem quando o Evangelho é pregado porque o Espírito se manifesta desse modo. Mas sem o Espírito não haveria um só cristão no mundo.
Autor: J. I. Packer
Fonte: O Conhecimento de Deus, Editora Mundo Cristão, Cap. 6. Compre este maravilhosos livro em www.mundocristao.com.br

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Carta Pastoral sobre a Marcha do Vinagre

Caros Irmãos
Sobre a Pastoral da Marcha do Vinagre
Tendo em vista as recentes manifestações populares em passeatas por todo o país neste mês de junho, com consequentes avanços sociais (como redução de tarifas, queda da PEC 37, corrupção classificada como crime hediondo, Pacto proposto pela Presidente da República, governantes e políticos mais alertas à voz das ruas, etc.), os pastores da IPN vem a público trazer esta pastoral de orientação aos membros da Igreja. 
Acesse o link (ao final) depois de ler o texto abaixo:


A carta pastoral direcionada a igreja num primeiro momento é pacífica, que no contexto atual exige e autoriza a aplicação dos meios estabelecidos por Deus pela vindicação do juízo de Deus, por meio pregação, indignação e acusação formalmente feitas governantes.
O que pretende a carta em questão é conscientizar aos membros da igreja que participem criteriosamente das passeatas e protestos, observando quais são as reais intenções, as motivações e reivindicações pleiteadas pelos inúmeros grupos, pois alguns são manipulados por minorias sedentas de poder; porque existem vários protestos nas ruas reivindicando "direitos" que contrariam dogmaticamente à doutrina e teologia cristã.
Sabemos, que a história da igreja e a teologia reformada autoriza o uso da força, da guerra e da deposição de reis que se insurgem contra Deus, e seus preceitos, pois nos comentários teológicos de João Calvino e Jonh Knox quando o rei despota ou infiel oprimia a cristandade e o povo da terra, à vista da teologia e o direito natural existe legitimidade para a deposição de tal governante, portanto, acredito que no contexto atual, não descartando a guerra civil, ainda é possível pelo sufrágio universal depormos essas escolas politicas ultraliberais; restando a guerra civil quando impostas a nós pelas autoridades constituídas.
É digno de nota que a politica de esquerda do atual governo não se tornou melhor que os anteriores governos de politica liberal ou de direta; pelo contrário sutilmente a politica ultraliberal influenciou a ordem social, econômica e política, infiltrando inúmeros peões e vassalos em todos os poderes (STF, STJ, Ministério Público Federal, Tribunais Estaduais, etc) adotando politicas reacionárias contra a vontade democrática da maioria, em nome de Estado Laico, o que é um erro, porque o pilar do Estado Brasileiro é um Estado Social Democrático de Direito (e laicidade não é o fim, mas um meio de justiça, isto que dizer o Estado não se dobra as injustiças da falsa religião ou dos poderes imperiais ou de minorias).
Portanto, em última instância a derrubada do poder corrupto instituído é um dever cristão; primeiramente devemos restaurar a ordem social pelo voto e em segundo lugar pelas leis justas outorgadas pela vontade popular pelo legislativo. 
Hoje, por um lado, o que acontece que no Brasil é uma evidente e descarada afronta a Dignidade e Atributos de Deus Altíssimo e a Constituição Federal, pois em nome de pauta e cartilha socialista e ultraliberal tem alterado e desestruturado conceitos, princípios e idéias constitucionalmente consolidados pelo Poder Constituinte Originário; por outro lado, as autoridades tem se esquecido dos pobres e oprimidos. e a troco de ninharias vem manipulando as classes sociais ou o povo da terra, com dinheiro fácil com projetos, e planos paliativos.
Por fim, um aspecto, negativo que percebo, incorre na omissão da própria igreja, em outras questões puramente religiosas, se tornando transigente. 
Existe um silêncio sepulcral da igreja, que ocorre pela falta de apoio das "contras-marchas cristãs" promovidas por inúmeras alas cristãs contra os adeptos da "marchas pseudo cristãs" (denominadas por alguns de marchas para Jesus), por entenderem serem escusos e ilegítimos os interesses dos dirigentes das maiorias das marchas para Jesus feitas no Brasil.
Marcel Lopes Batista
http://ipb.org.br/application/index/articleReader/117024

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alguns Comentários do Cessacionismo

disponível no site: http://www.monergismo.com/textos/dons_espirituais/alguns-com-cessacionismo_cheung.pdf

Posição Oficial da IPB sobre o Espirito Santo e seus dons


“SC-1998- Doc. 119 - Quanto ao Doc. N.º 175 – Proposta do Presbitério Serrano Espirito Santense referente à doutrina do Batismo com Espírito Santo e sua evidência. O SC/IPB-98, em sua XXXIV Reunião Ordinária Considerando: A doutrina do Batismo com Espírito Santo e sua evidência, Resolve: 1) Adotar como padrão doutrinário do S.C./IPB acerca da doutrina do Batismo com Espírito Santo e sua evidência a cartapastoral denominada o “Espírito Santo hoje: dons de língua e profecia”. 2) Determinar aos seus concílios, pastores, oficiais e membros da IPB, o abaixo transcrito: a) “A doutrina do batismo com o Espírito Santo, como uma “ Segunda benção” distinta da conversão, não deve ser ensinada e nem propagada pelos Pastores ou Membros nas comunidades, por ser biblicamente equivocada. b) Todo ensino sobre as línguas e profecias que entende estes fenômenos como um sinal do batismo com o Espírito é contrário à Escritura, visto que a sua evidência é a regeneração-conversão.”
A IPB e o Espírito Santo – Carta Pastoral
A CARTA PASTORAL SOBRE O ESPÍRITO SANTO
(A numeração entre colchetes [ ] indica as notas de rodapé que no caso, estará ao final do texto, o índice não consta a numeração de páginas pois não se aplicaria ao caso)
Igreja Presbiteriana do Brasil
Comissão Permanente de Doutrina
O Espírito Santo Hoje
Dons de Línguas e Profecia
Carta Pastoral
endereçada aos Concílios
e Ministros da Igreja Presbiteriana do Brasil
São Paulo, Setembro de 1995
2a. edição: Junho de 1996


O Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil criou a Comissão Permanente de Doutrina com o propósito de apresentar respostas às indagações mais urgentes dos seus pastores e membros em várias áreas da fé e da prática, respostas estas que provenham de uma exegese biblicamente correta e de uma hermenêutica que reflita a teologia dos nossos símbolos de fé e de nossa tradição reformada.
Uma destas questões diz respeito à obra do Espírito Santo nos dias atuais. A Igreja tem plena consciência da importância generalizada com que este assunto tem sido recebido em seu meio, bem como da influência visível, entre igrejas locais, de ensinos tais como o batismo com o Espírito Santo como uma experiência distinta e posterior à conversão, o falar em línguas como evidência inicial deste batismo, e a ênfase a certos dons (línguas, profecia e curas) nos cultos. Apesar da atenção dada a uma vida espiritual mais profunda, estes ensinos têm trazido confusão e divisão em muitas comunidades presbiterianas, particularmente no que se refere ao batismo com o Espírito Santo e aos dons de línguas e profecia.
Assim, a Igreja encaminha aos seus concílios e às suas comunidades locais a seguinte carta pastoral, com o propósito de orientá-las biblicamente nas questões relacionadas acima, e de encorajá-las a uma pesquisa bíblica mais detalhada da matéria.
Esta primeira carta pastoral aborda questões relacionadas com o batismo com o Espírito Santo, o dom de línguas, e o dom de profecia. Ela não pretende esgotar o assunto. É apenas uma primeira palavra, num diálogo franco e amadurecido. Ela deverá ser seguida de outros estudos da Comissão tratando de outros temas relacionados com a obra do Espírito Santo. É o desejo sincero e a oração fervorosa da Igreja que a presente carta seja usada pelo Espírito Santo para promover a paz e a unidade tão necessárias às igrejas presbiterianas neste momento crucial de sua existência.
Comissão Permanente de Doutrina
Rev. Héber Carlos de Campos, Th.D.
Rev. Antônio Carlos Barro, Ph.D.
Rev. Antônio José Nascimento, D.Miss.
Rev. Augustus Nicodemus Lopes, Ph.D.
Rev. Caio Fábio d’Araújo Filho
Rev. Elias Dantas Filho, D.Miss.
Pb. Francisco Solano Portela Neto, Th.M.
Rev. Paulo José Benício, Th.M.
Mesa da Comissão Executiva do SC-IPB
Rev. Guilhermino Silva Cunha, Th.M.
Rev. Roberto Brasileiro Silva
Rev. Wilson de Souza Lopes
Pb. Adivaldo Ferreira Vargas
Consultor da Comissão de Doutrina
Rev. Odair Olivetti
Índice
APRESENTAÇÃO…………………………………………………..
ACERCA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO..
ACERCA DA PLENITUDE DO ESPÍRITO………………..
ACERCA DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO………….
O Dom de Línguas……………………………………………………
Sobre as Línguas e o Batismo com o Espírito Santo………..
Sobre a Natureza das Línguas…………………………………….
Sobre o Propósito das Línguas……………………………………
Sobre a Contemporaneidade das Línguas……………………..
O Dom de Profecia…………………………………………………..
Sobre a Natureza da Profecia……………………………………..
Sobre a Contemporaneidade da Profecia………………………
ACERCA DA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS..
Interpretações Particulares ou Individuais………………………
A iluminação do Entendimento pelo Espírito Santo………….
RECOMENDAÇÕES AOS CONCÍLIOS E IGREJAS…
ACERCA DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO
O batismo com o Espírito Santo foi prometido por Deus através de Joel e de outros profetas no Velho Testamento,[1] bem como através de João Batista e pelo Senhor Jesus Cristo no Novo Testamento.[2] Essa promessa cumpriu-se no dia de Pentecoste, quando o Espírito Santo, já presente e atuante na Igreja do Antigo Testamento, veio operar na Igreja Cristã nascente com poder e glória superiores à Sua operação sob o Antigo Pacto, para capacitá-la a testemunhar do Cristo exaltado.[3]Deste batismo participam todos os crentes de todas as épocas ao serem incluídos na Igreja, o Corpo de Cristo, quando da sua regeneração-conversão.[4]
O batismo com o Espírito Santo no dia de Pentecoste marcou o início da fase neotestamentária da Igreja de Deus, confirmou a exaltação de Cristo à direita de Deus Pai, e inaugurou “os últimos dias”.[5] O poder prometido pelo Senhor Jesus aos seus discípulos, e que viria a eles por ocasião do Pentecoste, está relacionado com a evangelização apostólica até aos confins da terra, e consiste essencialmente na capacitação de cada crente para testemunhar de Cristo e para viver uma vida em que se veja o fruto do Espírito.[6]
A Escritura ensina que a experiência normal do batismo com o Espírito Santo coincide com a regeneração-conversão, e que são selados por este mesmo Espírito todos os que crêem genuinamente em Cristo Jesus.[7] Portanto, o batismo com o Espírito Santo, indispensável para a genuína regeneração-conversão, não se confunde com a chamada “segunda bênção,” referente ao derramamento do Espírito no livro dos Atos dos Apóstolos. Antes, é a graça vitalizadora e capacitadora disponível a todos os crentes, e não apenas a alguns. Acresce que a indizível bênção da regeneração-conversão de modo algum é inferior à chamada “segunda bênção.” Portanto, a recepção inicial de Cristo, pela fé, está associada ao batismo com o Espírito Santo. [8]
A Escritura também ensina que o batismo com o Espírito Santo, como narrado no livro de Atos, foi dado soberanamente por Deus em circunstâncias especiais, ocorrendo algumas vezes de forma súbita, como no Pentecoste. Quando o Espírito veio sobre os apóstolos e os demais reunidos no cenáculo,  tomou-os de surpresa, vindo “de repente” (At 2.2a). Eles esperavam o cumprimento da promessa, mas não sabiam quando e nem como ela se daria. Em outras ocasiões, o batismo com o Espírito ocorreu de forma inesperada, como na casa de Cornélio,[9] e ainda em outras através da imposição de mãos dos apóstolos.[10] A Escritura dirige-se a todos os que já são crentes como tendo já sido batizados com o Espírito. Em nenhum lugar ela encoraja os que já são crentes a buscar esse batismo, quer por preceito, quer por exemplo. Na expressão “batizar com o Espírito Santo,” o verbo ocorre no tempo futuro (“batizará”) apenas antes de Pentecoste, e aponta para aquele evento como o futuro cumprimento da promessa do Antigo Testamento.[11] Após o Pentecoste, nas cartas escritas pelos apóstolos às comunidades, os crentes são reconhecidos como já tendo sido batizados com o Espírito. Paulo escreveu aos Coríntios: “em um só Espírito,todos nós fomos batizados em um corpo” (1 Co 12.13).[12]
A Igreja alegra-se com o desejo de muitos dos seus pastores e membros de ter uma vida espiritual mais profunda e plena, e encoraja-os a buscar continuamente o ser cheios do Espírito, como Paulo ensina.[13]
A vida no Espírito começa com a regeneração, quando o crente é batizado com o Espírito e incluídvo no corpo de Cristo.[14] A primeira manifestação desta vida é a invocação pelo crente do nome do Senhor para a salvação, o que em si já evidencia uma ação prévia do Espírito em seu coração.[15]
Ser cheio do Espírito denota o domínio de Cristo em nossas vidas e ocorre quando o crente é conduzido voluntariamente pela Palavra, através da qual o Espírito atua.[16] Pela sua sujeição à palavra da Escritura, os crentes crescem na graça e nos benefícios que eles recebem gratuitamente através de Cristo.[17] A evidência desse crescimento é o fruto do Espírito, a prova de que eles estão em Cristo, e de que a Sua palavra está neles.[18] Sendo cheios do Espírito, os crentes são capacitados a falar a verdade de Cristo com grande ousadia e confiança,[19] manifestando em todas as áreas da vida um caráter santo, em harmonia com o de Cristo.[20]
A Escritura ordena que cada crente seja cheio do Espírito Santo, e cresça espiritualmente pela obediência à Palavra de Deus escrita, e pelo uso correto dos meios de graça.[21] Quando ignoramos ou negligenciamos a Palavra de Deus, ou somos desobedientes a ela, nos tornamos culpados de entristecer e apagar o Espírito Santo.[22]
Ao orarmos a Deus suplicando a plenitude do Espírito, a qual nos foi prometida, devemos empregar uma terminologia que esteja em plena harmonia com a afirmação da Escritura de que cada crente genuíno já tem o Espírito Santo desde a sua conversão. A terminologia usada pelo Senhor Jesus Cristo, antes do Pentecoste, para assegurar que o Espírito Santo seria dado aos que O pedissem,[23] é usada após o Pentecoste, no livro de Atos e nas cartas, para indicar que o Espírito Santo já foi dado a todos os crentes. Nessas passagens, o verbo di/dwmi (“dar”) ocorre, quer no aoristo indicativo, assinalando uma ação já ocorrida no passado, quer no particípio do aoristo, indicando uma ação anterior ou coincidente com a ação expressa pelo verbo principal.[24]Em ambos os casos, a doação do Espírito Santo, da perspectiva do crente, é contemplada como tendo sido já realizada. Existem umas poucas exceções, mas nenhuma invalida esta conclusão.[25] Podemos concluir que a linguagem “dar” e “receber” o Espírito Santo está associada à conversão, e não à plenitude que deve ser procurada no processo de santificação. A súplica pelo “recebimento” do Espírito Santo deve ser evitada pelos crentes ao orarem por uma vida espiritual mais profunda, pois à luz das Escrituras todo crente regenerado já foi batizado com o Espírito Santo.
A Igreja alegra-se com a ênfase bíblica de muitas das suas comunidades na participação dos membros nos cultos e no serviço da igreja, através dos seus dons espirituais. A Igreja, entretanto, instrui os pastores e os membros das igrejas locais para que sejam os dons espirituais exercidos de acordo com os princípios reguladores explícitos ou implícitos nas Escrituras, para que se evitem os erros da igreja de Corinto, decorrentes da ignorância acerca da natureza e propósito dos dons espirituais,[26] que consistiam na busca de dons que claramente desempenhavam papel secundário no culto público,[27] na fascinação pelos dons chamados “espetaculares,” tais como o falar em línguas, no desprezo aos membros da comunidade que não tinham estes dons, na falta de decência e ordem no culto público,[28] e na avaliação do que julgavam ser “espiritual” baseada na presença desses dons, e não no amor cristão.
O Novo Testamento traz as seguintes listas de dons espirituais: Rm 12.3-8; 1 Co 12.8-10; 1 Co 12.28; Ef 4.11; 1 Pe 4.10-11.[29] As diferenças na terminologia introdutória das listas, os diferentes dons alistados, bem como seu número, não justificam uma classificação rígida dos dons em categorias distintas, como “espetaculares,” “espirituais,” “de Cristo,” “os nove dons do Espírito,” “os cinco ministérios do Espírito,” etc. Tais diferenças se explicam à luz das situações distintas e dos propósitos diversos com que os autores as escreveram. As diferenças também sugerem que as listas não tinham caráter exaustivo, pois outros dons são referidos em outras passagens da Escritura.
Dons espirituais são concedidos a cada crente pelo Espírito Santo, o qual os distribui a cada um “conforme lhe apraz.”[30] Isto não impede que os crentes desejem ardentemente os melhores dons espirituais,[31] desde que os mesmos sejam utilizados para a edificação da comunidade, e não para proveito próprio.[32] Os “melhores dons” que Paulo encoraja os Coríntios a buscar (1 Co 12.31) são os primeiros da lista de 12.28, que é claramente uma lista por ordem de utilidade (notar “primeiro,” “segundo,” “terceiro,” etc.). Em 1 Co 14.1,40 Paulo encoraja o dom de profecia (entendida como exortação baseada nas Escrituras).[33] O dom de línguas, embora não proibido, é claramente desencorajado pelo apóstolo, em vista das suas limitações e problemas potenciais, e mau uso por parte dos Coríntios.
Os crentes devem usar seus dons para servir a Cristo na obra do Seu Reino, e para a edificação do Seu Corpo.[34] Todo os crentes genuínos recebem algum ou alguns dos dons espirituais.[35] Estes dons devem ser exercidos em amor, visando à edificação da Igreja. Nenhum dom espiritual deve ser desprezado, nem utilizado para trazer glória a qualquer outro que não Cristo Jesus.
A soberania e a contemporaneidade do Doador dos dons, o Espírito Santo,[36] acarretam necessariamente a possibilidade de que os dons mencionados no Antigo e no Novo Testamentos sejam concedidos conforme e quando ditados pela sabedoria do mesmo Espírito. Essa afirmação está em plena harmonia com outro princípio igualmente bíblico, de que Deus revelou-se progressivamente através das Escrituras. Em algumas ocasiões, como na saída de Israel do Egito, no ministério dos antigos profetas de Israel, na encarnação e no ministério de Cristo e no período apostólico, a revelação divina foi acompanhada por sinais, prodígios e efusões de dons espirituais extraordinários, como milagres, ressurreição de mortos, profecias e línguas. Percebe-se facilmente pelas Escrituras que os milagres e demais manifestações extraordinárias agruparam-se em torno desses eventos. Nos demais períodos, em que pese a importância dos mesmos, como por exemplo o patriarcal, a monarquia, o ministério dos grandes profetas e o ministério de João Batista, tais manifestações estiveram, em parte, ou totalmente, ausentes.
A contemporaneidade do Espírito, portanto, não exclui o propósito do Deus Triúno em seguir um plano progressivo de revelação, dispensando ou retendo durante a História as manifestações espirituais de acordo com Sua sabedoria. Por exemplo, não há registro inequívoco na História da Igreja de homens com o poder de ressuscitar mortos, desde o período pós-apostólico até hoje. Mesmo no período bíblico, a ressurreição de mortos ocorreu somente em algumas épocas e através de poucas pessoas, como Eliseu, o Senhor Jesus e alguns dos apóstolos. Deus é o mesmo, Cristo é o mesmo, e o Espírito é o mesmo — porém, o Deus triúno é soberano para agir de formas distintas em diferentes épocas. Portanto, afirmar a contemporaneidade de todos os dons e manifestações descritos na Bíblia, com base na imutabilidade de Deus, é inconseqüente.
Assim, algumas manifestações espirituais mencionadas na Bíblia claramente deixaram de ocorrer, como o poder físico extraordinário concedido a Sansão, o poder de ressuscitar mortos, e o ofício de apóstolo concedido aos Doze e a Paulo.[37] Alguns dons são difíceis de serem identificados claramente, como “palavra de sabedoria”, “palavra de conhecimento,”[38] e “operação de milagres.”[39] Outros são claramente percebidos hoje, como “ensino” e “contribuição.” Algumas manifestações modernas, tais como “línguas,” “operação de milagres,” e “curas,” têm recebido importância indevida em dias recentes, sem serem apropriadamente analisadas à luz das Escrituras.
Aprouve a Deus que o batismo com o Espírito Santo, ocorrido no dia de Pentecoste, como um evento histórico-escatológico crucial, fosse marcado por manifestações especiais, como o som de vento impetuoso, línguas de fogo e o falar em línguas estrangeiras. As duas primeiras destas manifestações foram restritas àquele evento, e a última ocorreu ocasionalmente na era apostólica. Todas elas estavam ligadas ao processo de universalização do Evangelho, segundo At 1.8, e pertenceram, assim, como sinal do cumprimento da promessa do Espírito, àquele período específico da história da redenção.[40] É importante notar que ao relatar à Igreja de Jerusalém a descida do Espírito sobre Cornélio e os de sua casa, o apóstolo Pedro só pôde referir-se a uma experiência semelhante, ocorrida alguns anos antes, ou seja, à de Pentecoste, e não a experiências mais recentes.[41] Isto sugere que entre o Pentecoste e a conversão de Cornélio, que ocorreu vários anos depois, nenhuma outra experiência semelhante à do Pentecoste havia ocorrido que pudesse servir de referencial mais recente.
Alguns têm entendido e afirmado que as línguas são a evidência inicial mais importante do batismo com o Espírito Santo. Essa afirmação baseia-se principalmente nas narrativas do livro de Atos em que o batismo com o Espírito Santo é seguido pelo falar em línguas.[42] Entretanto, o livro de Atos igualmente relata várias outras ocasiões, que podem ser descritas como “batismo com o Espírito Santo,” em que as línguas não aparecem, como a conversão dos três mil no dia do Pentecoste,[43] o caso dos Samaritanos,[44] e a conversão de Saulo.[45] Embora o argumento do silêncio não seja conclusivo, no mínimo revela que, para o autor de Atos, as línguas não eram indispensáveis como evidência do batismo com o Espírito Santo. Quando o autor de Atos as menciona ao narrar o ocorrido na casa de Cornélio e com os discípulos de João Batista, seu propósito é deixar claro que a descida do Espírito sobre estes grupos foi da mesma ordem do ocorrido no Pentecoste, como desdobramentos de um evento inaugural único. Em nenhum lugar do Novo Testamento as línguas são mencionadas como a evidência normal do batismo com o Espírito Santo, ou da Sua plenitude, para os crentes, após o Pentecoste. A evidência inconfundível da plenitude espiritual, segundo Paulo, é o fruto do Espírito.[46] Portanto, o falar em línguas não deve ser considerado como a evidência de nenhuma destas duas experiências.
Quanto à exata natureza das línguas faladas miraculosamente no Novo Testamento, devemos buscar indícios nos relatos do livro de Atos e na primeira carta de Paulo aos Coríntios. O final do Evangelho de Marcos (16.9-20) traz o falar “novas línguas” como um dos sinais que haveriam de acompanhar os que crêem (v. 17). Alguns têm sugerido que as “novas línguas” ali mencionadas se referem a um novo tipo de línguas, diferente da linguagem humana. Entretanto, o adjetivo kaino/j(“novo”), empregado na expressão, não significa necessariamente “um novo tipo,” mas simplesmente algo que é novidade, ainda não costumeiro ou conhecido (comparar com At 17.21), em oposição a palaio/j, “velho”. O sentido natural seria o de falar línguas até o momento ainda não faladas pelos que criam, e portanto, uma novidade para eles. A palavra traduzida como “línguas,” aqui, e em todo o Novo Testamento, é a palavra normal em grego para linguagem humana, glw=ssa.
Parece evidente que as línguas descritas em Atos 2 eram idiomas humanos conhecidos pelos ouvintes presentes por ocasião do Pentecoste.[47] A declaração de Lucas em At 2.4 deixa pouca dúvida de que o milagre foi o de os apóstolos falarem em outras línguas que não as suas próprias, e não, como alguns têm sugerido, o de os presentes ouvirem em suas próprias línguas.[48] O fenômeno, pois, foi dictivo, e não auditivo. Não há qualquer indício de que as línguas faladas nas demais ocasiões mencionadas em Atos fossem de natureza diferente. Pedro considerou o que ocorreu na casa de Cornélio como sendo idêntico ao fenômeno ocorrido em Pentecoste (At 11.15).
Quanto às línguas mencionadas por Paulo na sua primeira carta aos Coríntios, embora sua exata natureza seja de mais difícil interpretação, não há qualquer evidência exegética, teológica, ou histórica, de que fossem diferentes do precedente estabelecido em Atos, ou seja, dos idiomas falados no Pentecoste. Alguns têm apontado para a expressão “outras línguas,” que ocorre várias vezes em 1 Co 14, como indício de que se trata de línguas diferentes dos idiomas humanos. Porém, a palavra “outras” não ocorre no original grego, tratando-se de uma interpretação dos tradutores para o português.[49]
Alguns ainda apelam para 1 Co 14.2 para apoiar a idéia de que Paulo está lidando em 1 Coríntios com um fenômeno distinto de At 2.4-11. O texto afirma que “quem fala em língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistério.” Porém, à luz do contexto, transparece que Paulo está se referindo ao que fala em língua, e o mesmo não é entendido ou interpretado. Para os que o ouvem, o sentido é desconhecido. Portanto, é um mistério. Este seria o efeito se alguém falasse em um idioma humano completamente desconhecido dos seus ouvintes. Neste sentido, ele fala não aos homens, mas a Deus.[50] A palavra grega traduzida em 1 Co 14.2 como “língua” é glw=ssa, que é a palavra usada comumente para “linguagem” ou “idioma”, que ocorre também em Atos. Além disto, devemos ainda notar que “falar mistérios” pode também significar “falar um mistério divino ainda não revelado,” ver 1 Co 2.7. A expressão “gemidos inexprimíveis” em Rm 8.26, semelhantemente, não pode ser tomada como referência ao dom de línguas, mas sim como referência à intercessão do Espírito pelo crente.
Caso as línguas faladas em Corinto, ou em qualquer outra igreja neotestamentária, fossem diferentes das faladas em Atos, esperar-se-ia que o apóstolo Paulo, ou outro escritor do Novo Testamento, estabelecesse a diferença em seus escritos. O silêncio de Paulo sobre a natureza das línguas, em sua primeira carta aos Coríntios, revela que o apóstolo está assumindo que seus leitores, vivendo alguns anos após o Pentecoste, estavam a par do que ocorrera naquela ocasião. À luz do precedente estabelecido em Atos, torna-se mais natural supor que as línguas de Corinto eram, como em Atos, idiomas humanos. Devemos observar que há várias evidências a este favor na própria carta aos Coríntios. Paulo claramente se refere ao dom como sendo falar “línguas de homens” (1 Co 13.1). A expressão “e de anjos” foi possivelmente adicionada por Paulo como exagero intencional, como também as expressões seguintes “conhecer toda a ciência” e “ter fé capaz de remover montes.”[51] Em 1 Co 14.20-21 Paulo claramente se refere a idiomas humanos. O dom de “interpretar” (1 Co 12.10, e(rmhnei¿a glwssw½n) pode também ser entendido como tradução de um idioma conhecido para outro (ver At 9.36; Jo 1.42). Os argumentos acima, se tomados juntamente com o precedente em Atos, constituem-se em indício importante de que as línguas mencionadas em Corinto e no resto do Novo Testamento são um único e mesmo fenômeno. Em nenhum lugar a Escritura fala de dois dons de línguas distintos, e nem existem indícios inegáveis nas mesmas que nos obriguem a crer na existência de dois fenômenos distintos.[52]
Evidenciar a Universalidade da Graça
As línguas mencionadas no livro de Atos ocorreram por ocasião da descida do Espírito Santo sobre judeus (2.1-13), sobre gentios que eram simpatizantes do judaísmo (10.44-46; 11.16-17), e finalmente sobre alguns discípulos de João Batista (19.1-7). Aparentemente, elas funcionaram como evidência externa da descida do Espírito sobre estes diferentes grupos, refletindo o progresso do Evangelho a partir dos judeus, passando por grupos intermediários até alcançar, finalmente, os gentios, conforme Jesus determinou em At 1.8. Podemos concluir que, como evidência do cumprimento das diferentes etapas do Pentecoste, as línguas cessaram.
Sinal do Juízo de Deus sobre os incrédulos
É importante ainda notar que as línguas serviram como sinal do juízo de Deus sobre os descrentes. Escrevendo aos Coríntios sobre o propósito das línguas, Paulo afirma: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos” (1 Co 14.20-22). A citação de Paulo vem de Is 28.11-12. Nesta passagem, Isaías profetiza a invasão de Israel pelos caldeus, povo cuja língua era totalmente desconhecida para os judeus. Os gritos dos soldados caldeus invasores eram o sinal de que o juízo de Deus estava se abatendo sobre a nação incrédula. A profecia de Isaías baseia-se no que Moisés escreveu em Dt 28.49-53, sobre Deus usar um povo de linguagem desconhecida para castigar Israel em decorrência da desobediência, um tema também desenvolvido em Jr 5.15 (ver ainda Is 33.19).
Paulo, por sua vez, partindo da profecia de Isaías, aplica o mesmo princípio aos seus dias, ao escrever aos Coríntios sobre o propósito do dom de línguas. Assim como no passado o juízo de Deus sobre os judeus descrentes evidenciou-se através da destruição da nação por um povo cuja linguagem lhes era desconhecida, assim também o juízo de Deus sobre os judeus descrentes na época do Novo Testamento, tirando-lhes o Reino e passando-o para outro povo, manifestou-se através das línguas faladas miraculosamente pelos gentios que receberam o Messias de Israel. [53]Portanto, como sinal do juízo de Deus sobre um Israel incrédulo, as línguas serviram a um propósito histórico e definido. Assim, podemos concluir que, sob o prisma de sinal do juízo de Deus, as línguas cessaram.
Edificação da Igreja
Em sua primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo enfatiza a edificação da Igreja como sendo o propósito de todos os dons espirituais. As línguas, portanto, onde não entendidas, e sem interpretação, eram proibidas por ele, visto que não traziam edificação aos que as ouviam.[54] Seu uso individual particular tampouco foi encorajado pelo apóstolo. Alguns, baseando-se em 1 Co 14.4, têm argumentado que as línguas também foram dadas para a edificação individual do que fala. [55]A passagem, entretanto, ainda que implicitamente admitindo a possibilidade de edificação individual daquele que fala, não autoriza o uso em particular do dom para proveito apenas do que fala, já que os dons são dados para o benefício de todos os membros da Igreja (ver 1 Pd 4.10; 1 Co 12.7,25; etc.). Ainda que Paulo não minimize a realidade do dom de línguas, ele o considera como possuindo um valor inferior aos dons que utilizam palavras inteligíveis.[56] Paulo, pois, dá preferência à profecia, pois esta edifica a Igreja (1 Co 14.1-4). Embora admitindo o orar e o cantar em línguas, Paulo expressa que é melhor orar e cantar também com o entendimento (14.15). A preferência do apóstolo inspirado, “prefiro falar na Igreja cinco palavras com meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” (14.19), claramente demonstra que as línguas ocupam lugar absolutamente secundário nas reuniões do povo de Deus. Mesmo não proibindo, ele desencoraja o seu uso (1 Co 14.39-40). Portanto, mesmo os que rejeitarem a argumentação sobre a natureza das línguas, certamente deverão levar em conta a argumentação sobre o propósito por excelência dos dons: a edificação da Igreja.
Sob o ponto de Vista Textual
As Escrituras ensinam e a Igreja crê que, quando encaradas como evidência da universalidade da graça e como sinal do juízo de Deus sobre os incrédulos, as línguas cessaram, havendo cumprido aquelas finalidades históricas. No que se refere ao seu propósito de edificação da Igreja, o Novo Testamento, entretanto, não explicita a cessação ou continuação do dom de línguas além do período apostólico. Assim, a questão da contemporaneidade do dom de línguas não pode ser determinada de forma final a partir dos dados escriturísticos. Em geral, podemos mencionar duas posições antagônicas sobre o assunto: a de que as línguas cessaram como um todo, e a de que as línguas permanecem hoje como durante o período apostólico.
Os que crêem na cessação absoluta do dom de línguas têm, às vezes, apelado para 1 Co 13.10 como evidência. Entretanto, esta passagem  não pode ser usada como prova indiscutível da cessação das línguas, visto que não é claro no texto que to\ te/leion, “o que é perfeito,” se refira quer ao fechamento do Cânon, quer à maturidade espiritual da Igreja, podendo perfeitamente ser uma referência à Segunda Vinda de Cristo. [57]
Os que crêem na plena contemporaneidade das línguas freqüentemente se esquecem do ensino bíblico claro sobre a natureza e propósitos das mesmas, tanto em suas ocorrências em Atos como em Corinto. A ênfase do Novo Testamento na edificação da Igreja, como sendo o propósito principal de quaisquer dos dons, aparenta estar ausente em boa parte do atual movimento de línguas. Além do fato de que não existem provas claras de que idiomas estejam sendo falados, as línguas são mormente faladas por todos ou pela maioria, durante os cultos públicos, e isto ao mesmo tempo, e sem interpretação, em clara dissidência dos mandamentos apostólicos em 1 Co 14.26-37, estando assim ausente o propósito principal das línguas, que é a edificação dos fiéis.
Sob o Ponto de Vista Histórico
A História da Igreja registra que as línguas cessaram algum tempo após a era apostólica. A Igreja pós-apostólica, depois da crise gerada pelos exageros do Montanismo, abandonou definitivamente a prática de línguas e profecias.[58] Crisóstomo, um teólogo do século IV, testificou em seus escritos que as línguas e outros dons “espetaculares” haviam cessado tão antes de sua própria época, que ninguém mais sabia ao certo das suas características. [59] Assim, através dos séculos, a Igreja vem servindo a Deus, evangelizando o mundo e sendo edificada sem o pretenso auxílio das mesmas.[60]
Sob o ponto de Vista Teológico
A Escritura ensina e a Igreja crê que, em Sua soberania, Deus pode conceder o dom de línguas à Igreja quando Lhe aprouver, em qualquer período da História. A Escritura também ensina e a Igreja crê igualmente, que uma manifestação genuína do dom de línguas deverá sempre seguir o padrão revelado pelo próprio Deus nas Escrituras, quanto à sua natureza, seu propósito, e sua utilização. A Igreja não se sente compelida a aceitar como genuínas quaisquer manifestações contemporâneas de “línguas” que não se conformem ao precedente estabelecido pelo Espírito Santo nas Sagradas Escrituras. Cabe aos que acreditam e têm ensinado que Deus tem renovado esse dom na Igreja contemporânea, o ônus de fornecer evidências claras e inequívocas de que estas coisas são assim. Afirmações ousadas nesta área, que não podem ser substanciadas pelas Escrituras, e experiências pessoais cuja genuinidade não pode ser comprovada, têm antes semeado confusão e discórdia do que promovido a paz, a unidade, e a edificação da Igreja.
O Dom de Profecia
Os profetas do Velho Testamento foram pessoas vocacionadas por Deus, que falaram da parte de Deus e comunicaram corajosamente Sua mensagem ao Seu povo, a nação de Israel.[61]Parte das profecias veio a ser escrita e registrada no Antigo Testamento.[62] A profecia consistia não somente da predição de eventos futuros relacionados com a ação de Deus na história, os quais se cumpriram literal e infalivelmente,[63] mas especialmente da exposição desses eventos e sua aplicação aos dias em que os profetas viveram.[64] As expressões, “assim diz o Senhor” e “veio a mim a Palavra do Senhor dizendo,” caracterizavam a palavra inspirada e infalível dos profetas, que deveria ser recebida pelo povo de Deus como Sua palavra. O ministério desses profetas encerrou-se séculos antes da vinda de Cristo ao mundo.[65]
Os sucessores dos antigos profetas foram os apóstolos do Novo Testamento, os quais também receberam um chamado específico,[66] predisseram futuros eventos, entre os quais a segunda vinda do Senhor e o juízo final,[67] foram inspirados para escrever o Novo Testamento,[68]e a palavra deles deveria ser recebida, à semelhança dos profetas antigos, como Palavra de Deus, cheia de autoridade e definitiva.[69]
Pouco sabemos acerca dos profetas do Novo Testamento. À semelhança dos profetas do Antigo Testamento, eles eram capazes de prever futuros eventos, os quais se cumpriram exatamente como preditos,[70] e também exortavam e confortavam as igrejas.[71] Alguns profetas participaram, com os apóstolos, da recepção da revelação fundamental de Cristo e da inclusão dos gentios na igreja e, portanto, como receptores desta revelação fundamental, estão na base histórica e teológica da igreja.[72]
Quanto ao ministério dos profetas nas igrejas locais, pouco sabemos. Historicamente, tem-se entendido a profecia neotestamentária como sendo a própria proclamação da Palavra. Esta posição se harmoniza com passagens do Novo Testamento onde a profecia é descrita como trazendo instrução, edificação e conforto à Igreja (cf. 1 Co 14.3). A condição para que um profeta falasse era que recebesse “revelação” da parte de Deus (1 Co 14.30). Muitos estudiosos acreditam que Paulo aqui não está usando a palavra “revelação” (a)poka/luyij) no mesmo sentido da revelação histórica e única dada aos apóstolos (cf. Rm 16.25-26; Cl 1.26; Gl 1.15-16), mas sim num sentido secundário, como iluminação ou mesmo direção em circunstâncias especiais relacionadas com o ministério apostólico (ver Gl 2.2; At 16.9; 18.9). O mais provável, tendo em vista 1 Co 14.3 e At 15.32, é que a revelação recebida pelos profetas nas igrejas locais consistia em uma mensagem baseada nas Escrituras, que visava a edificar, a confortar e a instruir a Igreja, à semelhança dos profetas do Antigo Testamento, cuja atividade principal consistia em aplicar a Lei de Deus às consciências do povo, exortando, instruindo, sondando os corações e consolando.[73] Fosse qual fosse a natureza da profecia, deveria ser examinada e julgada pela comunidade ou demais profetas (observe o imperativo “julguem” em 1 Co 14.29, diakrine/twsan), para ver se estava em harmonia com a doutrina apostólica (notar como Paulo exige dos profetas reconhecimento de que seu ensinamento é Palavra de Deus, 1 Co 14.37). Está claro que as palavras dos profetas não deviam ser desprezadas,[74] porém, não eram para ser aceitas sem avaliação e exame, ao contrário das palavras dos profetas do Antigo Testamento.
A Escritura ensina e a Igreja crê que, como instrumento para predizer as várias etapas do plano divino de redenção, a profecia cumpriu sua finalidade através dos antigos profetas e dos apóstolos, os quais registraram de forma inspirada e infalível as etapas ainda futuras da História da Redenção, como a Segunda Vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos e o juízo final.[75] Assim, como veículo de revelação divina, ela cessou com os apóstolos e profetas, os quais lançaram os fundamentos da Igreja de Cristo.[76]
As Escrituras registram que Deus se revelou muitas vezes e de muitas maneiras através dos profetas ao povo do Antigo Pacto, e que, agora, nos últimos dias, se revelou através do Seu Filho (Hb 1.1-2). Essa revelação em Cristo se encontra registrada nas Escrituras, a qual é a nossa única regra de fé e prática, e através da qual Deus ordinariamente guia o Seu povo. Ainda que no Novo Testamento se achem registrados alguns casos de orientação divina através de profecia,[77]os mesmos não devem ser tomados como normativos para a Igreja de hoje, visto estarem ligados à História da Redenção, como no caso mencionado em At 21.11, ou por se tratarem de ocorrências isoladas das quais pouco podemos saber pelos textos (ver 1 Tm 1.18 e 4.14). Assim, revelações ou predições de eventos relacionados com a vida de indivíduos não devem ser encorajadas, esperadas como ocorrência normal e costumeira durante as reuniões do povo de Deus, e nem recebidas sem avaliação e exame.
A profecia, como exposição e aplicação das Escrituras no poder do Espírito Santo, permanece na Igreja de Cristo em todas as épocas, e deve ser desejada e recebida como sendo o melhor dos dons (1 Co 14.1,39). De acordo com Ap 19.10, “o testemunho de Jesus é o espírito da profecia,” significando que o propósito e o cerne da profecia é o testemunho da verdade sobre Cristo, a qual se encontra revelada nas Escrituras (ver Jo 5.39).
Ainda que a Igreja reconheça que a verdadeira natureza da profecia e do ministério dos profetas das igrejas locais na época da Igreja Primitiva não é absolutamente explícita, ela também reconhece que muito da prática de profecia, em voga em algumas de suas comunidades, não corresponde ao ensinamento bíblico sobre o exercício dos dons no culto público.
ACERCA DA INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A Igreja tem plena consciência do ingresso e da proliferação em seu meio de conceitos e práticas atribuídos ao Espírito Santo na experiência contemporânea, e que são estranhos ao ensino bíblico. Esse estado de coisas deve-se principalmente à forma errônea de pastores e membros de igrejas locais interpretarem as Escrituras. Conquanto devamo-nos alegrar pelo renovado interesse que se observa nas igrejas pela leitura e estudo das Escrituras, é preocupante a forma como alguns vêm interpretando o texto sagrado, partindo de pressupostos da sua própria experiência impondo ao texto sentidos que claramente não fazem parte da intenção original do autor inspirado. Constitui-se prática perigosa atribuir ao Espírito Santo ensino que é produto de interpretação particular de um texto da Escritura, baseado em experiência pessoal, interpretação esta que nada tem a ver com o sentido do texto bíblico. A Igreja entende que na raiz de todas as atuais práticas prejudiciais em seu meio está um sistema de interpretação equivocado.[78]
Interpretações individuais e isoladas que fogem do sentido óbvio e original do texto e que apelam para a autoridade da experiência individual para validar o entendimento das Escrituras devem, na verdade, ser rejeitadas. As Escrituras devem ser interpretadas por si mesmas, ou seja, uma passagem bíblica deve ser interpretada à luz de todas as partes, sem se desprezar a iluminação que o Espírito Santo vem concedendo à Igreja através dos séculos, que faz parte da tradição interpretativa acumulada até o presente. As Escrituras foram endereçadas à Igreja, e o Espírito que as inspirou foi dado ao Corpo de Cristo para que o iluminasse no entendimento delas. Assim, a Bíblia não é propriedade de um membro individual, mas da Igreja; portanto, a sua interpretação deve ser feita em consonância com a sabedoria da Igreja acumulada através dos séculos. Nenhum membro tem o direito de ter a sua própria interpretação particular das Escrituras — não foi este o direito que Lutero e os demais Reformadores recuperaram na Reforma.[79]
Os que atribuem a sua compreensão individual das Escrituras ao Espírito, deveriam igualmente reconhecer e receber a compreensão que o mesmo Espírito concede aos demais membros da Igreja no decorrer da história. Esta é uma verdade incontestável: se as profecias das Escrituras não foram fruto da interpretação individual dos profetas, muito menos hoje pode-se aceitar interpretações particulares daquilo que já nos foi revelado nas mesmas Escrituras.[80]
Isto não significa que Deus não possa iluminar o entendimento de um membro da Igreja quanto a um texto em particular. Ele pode, e o faz como Lhe apraz, mas isto não significa que esse entendimento não deva ser analisado e avaliado à luz do entendimento da Igreja, conforme seus símbolos de fé, ou seja, a Confissão de Fé de Westminster, e os Catecismos. Esta iluminação do Espírito Santo para a compreensão das coisas reveladas nas Escrituras, não consiste em uma nova revelação, mas no discernimento divino daquilo que já foi revelado.[81] Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a guardar-se de uma interpretação das Escrituras que parte dos princípios hermenêuticos equivocados da experiência neopentecostal, a Igreja também adverte contra uma interpretação intelectualizada e árida das Escrituras, que se esquece da necessidade da iluminação do Espírito para sua compreensão e de que Deus promete ensinar àqueles que procuram andar em santidade e retidão.[82]
RECOMENDAÇÕES AOS CONCÍLIOS E IGREJAS
À luz do exposto acima sobre os dons de línguas e profecia, a Igreja Presbiteriana do Brasil, partindo de uma hermenêutica baseada não na experiência individual, mas nos princípios da sua tradição reformada, e sobretudo no entendimento que as Escrituras dão de si mesmas e na busca da iluminação do Espírito, faz as seguintes recomendações aos seus concílios, pastores, oficiais e membros da Igreja:
1.  A doutrina do batismo com o Espírito Santo, como uma “segunda bênção” distinta da conversão, não deve ser ensinada e nem propagada pelos pastores ou membros nas comunidades, por ser biblicamente equivocada.
2.  Os concílios e igrejas locais devem tratar com amor e paciência os pastores e membros das igrejas presbiterianas que professam ter sido batizados com o Espírito Santo, numa experiência distinta da conversão, e devem pastoreá-los e instruí-los na Escritura e na doutrina reformada, para que sejam corrigidos quanto a este modo de crer, e para que demonstrem o fruto do Espírito, que é o sinal inequívoco de toda atuação verdadeira do Espírito.
3.  Todo ensino sobre as línguas e profecias que entende a prática moderna como uma experiência revelatória, isto é, uma experiência na qual nova revelação é recebida, é contrário ao caráter final da revelação bíblica e à autoridade das Escrituras como única regra de fé e prática.
4.  Todo ensino sobre as línguas e profecias que entende estes fenômenos como um sinal do batismo com o Espírito é contrário à Escritura, bem como todo ensino que vê as línguas e profecias como sinal de espiritualidade.[83]
5.  Toda prática do fenômeno das línguas e de profecias que cause divisão e dissensão dentro do Corpo de Cristo, e que não resulte em instrução e ensino em língua conhecida, é contrária ao propósito dos dons do Espírito, que é a edificação da Igreja.[84]
6.  Toda prática do fenômeno das línguas e de profecias que não siga as orientações de 1 Co 14.27-28, é contrária ao ensino bíblico e deve ser rejeitada, constituindo-se em desobediência à vontade revelada de Deus. Ou seja, que falem somente dois, ou no máximo três, cada um por sua vez, e que haja intérprete (depreende-se que Paulo se refere a outra pessoa que não o que falou em línguas).
7.  A base para as nossas formulações doutrinárias é a Escritura, e não as experiências individuais — por mais emocionantes e preciosas que elas sejam. Portanto, a Igreja recomenda o estudo sério de todos os fenômenos e experiências, à luz da Palavra da Deus.
8.  A Igreja recomenda que os Concílios estudem esta Pastoral e que cultivem o diálogo com a Comissão Permanente de Doutrina.
SDG

[1] Jl 2.28,29; ver Is 32.15; 59.21; Ez 36.26,27; 37.14.
[2] Jo 7.37-39; ver Mt 3.11; Lc 24.49; Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7-16; At 1.4-8.
[3] At 2.16-21.
[4] 1 Co 12.13; Ef 1.13-14. A tradução em 1 Co 12.13 da expressão e)n e(niì pneu/mati (“em um Espírito”), é debatida, mas a maioria das traduções em inglês, alemão e francês, a tem traduzido como “por um Espírito,” entendendo que a preposição aqui tem força instrumental.
[5] At 2.16-17; 2.32-36.
[6] At 1.8; Lc 24.49.
[7]Tt 3.5; At 2.38; Rm 5.5; 8.9; 1 Co 12.13. Ver At 11.17; 19.2, e ainda Ef 1.13-14; 2 Co 1.22; Ef 4.30.
[8] 1 Co 12.3; Rm 8.9-10; 1 Jo 4.2.
[9] At 10.44-46.
[10] At 8.14-16; 19.6. Neste sentido, aquelas experiências foram únicas, já que não temos mais apóstolos como os Doze ou Paulo.
[11] Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; e At 11.16.
[12] A expressão “todos nós” abrange mais que somente a comunidade de Corinto, e aplica-se a todos os crentes, conforme o restante do verso 13 indica. No original grego, “todos nós,” h(meiÍj pa/ntej ocupa posição enfática. O aoristo indicativo  e)bapti¿sqhmen)) aponta para uma ação pontilear realizada no passado. Por “pontilear” entende-se aquela qualidade de ação do aoristo indicativo, em que a ação é encarada do ponto de vista da sua realização, como um ponto, em contraste com o aspecto linear de outros tempos verbais, em que a ação é vista como ainda em andamento.
[13] Ef 5.18. A ordem de Paulo, plhrou=sqe, pode ser traduzida como “enchei-vos” (reflexivo) ou “deixai-vos encher” (passivo). Entretanto, a maioria dos intérpretes prefere o sentido passivo.
[14] 1 Co 12.13; Cl 2.13; Jo 3.3-8; Ef 2.1-5.
[15] Rm 10.13-14; Gn 4.26; Jl 2.32; 1 Co 12.3. Uma comparação de Ef 5.18 com Cl 3.16-17 mostra que, para Paulo, ser cheio do Espírito está intimamente associado à palavra de Cristo.
[16] Gl 5.25; Rm 8.4,13,14; Gl 3.3; 5.16-18.
[17] 2 Tm 2.15; 3.16-17.
[18] Jo 15.4-7; Gl 5.22-23.
[19] At 4.8,13,31.
[20] A estrutura na língua original da passagem Ef 5.18-6.9 demonstra que as exortações referentes ao casamento (5.22-32), criação de filhos (6.1-4), e relacionamento no trabalho (6.5-9), são diretamente dependentes da plenitude do Espírito ordenada em 5.18.
[21] At 2.41-47; Mt 28.18-20.
[22] Ef 4.25-30; 1 Ts. 5.19-22. “Apagar,” no grego, sbe/nnumi, significa extinguir as chamas de um fogo, ver Hb 11.34. Em referência ao Espírito Santo, significa fazer parar a sua obra ou atividade, a qual, no contexto de 1 Tessalonicenses, é a obra de conversão e santificação, ver 1 Ts 1.5-6, 4.8; 5.23.
[23] Lc 11.13. Alguns manuscritos têm “coisas boas” em lugar de “Espírito Santo,” mas são variantes inferiores, introduzidas possivelmente com o propósito de fazer Lucas concordar com Mt 7.11. A leitura “dará o Espírito Santo” é bem atestada na maioria dos manuscritos. Ver ainda Jo 3.34, que se refere ao ministério terreno de Cristo.
[24] Examinar. At 5.32; 15.8; Rm 5.5; 2 Co 1.22; 5.5; 2 Tm 1.7; 1 Jo 3.24.
[25] As exceções são: At 8.18 (o verbo “dar” no presente aponta para o evento ocorrido diante dos olhos de Simão Mago); 1 Ts 4.8 (o particípio presente “dando” tem aspecto temporal idêntico ao verbo principal, “chamou,” em 4.7, que está no aoristo); 1 Jo 4.13 (o perfeito aponta para uma ação já realizada) e Ef 1.17 (nesta passagem debate-se que pneu=ma se refira ao Espírito Santo).
[26] 1 Co 12.1; 14.20.
[27] 1 Co 12.31; 14.1.
[28] 1 Co 14.40; 14.26-33. Ver especialmente 14.23.
[29]  No Antigo Testamento há outros dons mencionados como sendo do Espírito, mas que, contudo, não têm sido considerados historicamente como dons espirituais. Tanto os dons naturais (ver Ex 31.2-5), como os chamados dons espirituais, vêm do mesmo Espírito, que capacita os homens a servirem à comunidade horizontal e verticalmente, ou seja, na área do relacionamento humano e no relacionamento com Deus.
[30] 1 Co 12.11; Hb 2.4.
[31] 1 Co 12.31. 14.1; 14.39. “Melhores” no sentido de serem os mais úteis à comunidade, não na qualificação de si próprios, já que todos provêm do mesmo Espírito.
[32] 1 Pe 4.10.
[33] Vide discussão abaixo.
[34] 1 Co 14.12,26; Ef 4.11-12.
[35] 1 Co 12.7.
[36] Lembrar que Deus Pai e Deus Filho também são referidos como doadores dos dons, cf. Ef 4.11; 1 Co 12.6.
[37] Os Doze e Paulo receberam, mais propriamente, o ofício de apóstolos, e são vistos no NT como sendo os lançadores dos fundamentos da Igreja Cristã, ver Ef 2.20; 4.11-13; 1 Co 3.9-11; 1 Co 12.28; Ap 21.14. Os apóstolos não apontaram sucessores; portanto, o apostolado, entendido como ofício, cessou com suas mortes. Se bem que através da História da Igreja homens fossem levantados por Deus cujos ministérios foram quase “apostólicos” (por exemplo, Calvino, Lutero, etc.), os mesmos não tiveram, como Paulo e os Doze, inspiração divina que permitisse a inerrância dos seus escritos.
[38] 1 Co 12.8. As expressões lo/goj sofi¿aj\ e lo/goj gnw¯sewj têm recebido as mais variadas interpretações dos estudiosos ao longo da história da Igreja. Lo/goj sofi¿aj, por exemplo, tem sido interpretada como pregação apostólica, discurso instrutivo, declarações inspiradas, e sabedoria prática, entre outras opiniões.
[39] 1 Co 12.28,29.
[40] At 2.1-4; 8.14-17; 10.44-48; 19.6-7.
[41] At 11.15.
[42] Ver At 2.1-4; 10.44-47; 19.1-7.
[43] É evidente em At 2.38-39 que os três mil haveriam de receber o mesmo Espírito que os apóstolos receberam. Entretanto, Lucas limita-se a narrar que os mesmos foram batizados com água e agregados à Igreja, cf. 2.41.
[44] At 8. 14-18. Embora não mencionado, é possível que o fenômeno tenha também ocorrido naquela ocasião.
[45] At 9.17-19. A afirmação de Paulo em 1 Co 14.18, de que ele fala em línguas, não implica necessariamente que ele as tenha falado em sua conversão (ou batismo com o Espírito).
[46] Gl 5.22-23.
[47] At 2.6,8,11. Estes versículos se referem às línguas maternas dos que as ouviram naquela ocasião, das quais quatorze são citadas por Lucas. Portanto, fica claro que eram línguas estrangeiras, e não “estranhas.” A expressão “línguas maternas” em At 2.8, literalmente, tv= i¹di¿# diale/kt% h(mw½n e)n v e)gennh/qhmen, “no nosso próprio dialeto em que fomos nascidos,” reforça este ponto.
[48]O uso de e(teraij, “outras,” por Lucas em At 2.4 (“começaram a falar noutras línguas”) não fornece apoio decisivo para a sugestão de que as línguas faladas em Pentecoste eram de um gênero diferente, e que, portanto, não eram idiomas humanos. O adjetivo e(teroj “outro” freqüentemente expressa a idéia de um outro item de uma mesma série, sem a conotação de que se trata de algo diferente em sua essência. Por exemplo, “do outro barco” (Lc 5.7), “outro dos discípulos” (Mt 8.21), “outra (passagem da) Escritura” (Jo 19.37).
[49] O adjetivo “estranha,” colocado pelos tradutores da versão Almeida Revista e Corrigida apósglw=ssa, na passagem de 1 Co 14, não aparece no texto grego, e certamente tem contribuído para difundir a idéia errônea de que o fenômeno tinha a ver com línguas misteriosas, intraduzíveis e estáticas.
[50]A expressão “não fala aos homens, mas a Deus” ainda pode ser entendida à luz de At 2.11 e 10.46. É aparente destas passagens que os apóstolos no Pentecoste e os Gentios na casa de Cornélio dirigiram-se a Deus ao falar em línguas (idiomas), e não aos homens ali presentes.
[51]Nesta passagem Paulo utiliza o argumento conhecido como redutio ad absurdum, que consiste em argumentar hipoteticamente um determinado ponto. Ele não afirma que exista alguém que tenha todo o conhecimento, que tenha fé que remova montes ou que fale línguas de anjos. O que ele afirma é que, mesmo que estas coisas ocorressem, ainda assim, sem amor, elas nada seriam.
[52] Alguns têm defendido a diferença entre as línguas de Atos e de Corinto com base nas diferenças na manifestação do fenômeno nas duas ocasiões: em Atos as línguas foram faladas por todos, não precisaram de intérprete para serem entendidas e vieram de forma inopinada sobre os presentes. Em Corinto, as línguas não eram faladas por todos, careciam de intérprete para sua compreensão e estavam sob o controle dos que falavam. Porém, essas diferenças são mais bem entendidas como circunstanciais, e não como essenciais. Em ambos os casos, a essência do milagre consistia em pessoas falando fluentemente em línguas que lhes eram previamente desconhecidas.
[53] Sobre a passagem do Reino de Deus dos judeus para os que crêem, consulte  Mt 21.33-46.
[54] 1 Co 14.27-28.
[55]  Alguns estudiosos sugerem que a auto-edificação mencionada em 1 Co 14.4 é possível quando o que fala entende o que diz, já que a idéia de edificação no contexto pressupõe entendimento. (Mas, ver 1 Co 14.13-15). Outros vêem a possibilidade de Paulo estar usando uma ironia, visto que ele consistentemente usa o termo oi)kodome/w (“edificar”) em referência à edificação mútua dos crentes.
[56] Ver 1 Co 14.1-9.
[57] Uma das dificuldades com as duas primeiras interpretações mencionadas, é que ambas requerem a cessação da profecia e da ciência, juntamente com as línguas, após o fechamento do Cânon ou da chegada da maturidade da Igreja, cf. 1 Co 13.8, apesar de que Paulo considera a profecia e a ciência como essenciais para a edificação da Igreja, cf. 1 Co 14.3,6.
[58] O Montanismo foi um movimento apocalíptico cristão que surgiu no século II, liderado por Montano, um cristão da Frígia, que alegava ter recebido uma revelação direta do Espírito Santo de que ele, como representante do Espírito, lideraria a Igreja durante o último período dela aqui na terra. Ajudado por duas mulheres que eram consideradas profetisas, Montano fundou uma seita que procurava a renovação na Igreja do entusiasmo, dons, poder e sinais ocorridos durante o período apostólico. Devido aos inúmeros abusos e extremos ocorridos no movimento, a Igreja o condenou como herético já no século II, embora o Montanismo tenha continuado, mesmo que com menor influência, até o século VI, quando cessou finalmente.
[59] Ver a homília 29 de Crisóstomo baseada em 1 Coríntios.
[60] O penoso trabalho de tradução das Escrituras, no esforço de evangelização desenvolvido pela Igreja, cumprindo o propósito da universalidade da graça, vem sendo até hoje realizado através do estudo de gramática, métodos de tradução e anos de laborioso esforço por parte dos missionários e especialistas. Os maiores movimentos cristãos espirituais e missionários no mundo, desde a era apostólica, ocorreram sem a concorrência do dom de línguas, como por exemplo, a Reforma Protestante, os reavivamentos espirituais dos séculos XVII a XIX, e o moderno movimento missionário.
[61] Hb 1.1; Lc 1.70.
[62] 2 Pe 1.21; 2 Tm 3.16; cf. o termo “Escrituras proféticas” em Rm 16.26.
[63] O teste da verdadeira profecia era o seu cumprimento, ver Dt 18.20-22; cf. 1 Rs 13.3,5; 2 Rs 23.15-16.
[64] Há várias palavras para “profeta” no Velho Testamento. A mais usada é )ybn (nabi). Ela expressa a idéia de alguém que fala por outro, como “sua boca,” ver Ex 4.16; 7.1. Este sentido básico da palavra pode ser visto em Dt 18.14-22. O profeta era, então, primariamente, alguém que falava da parte de Deus, inspirado e orientado por Ele.
[65]Os escritores do Novo Testamento se referem aos profetas antigos como um grupo fechado e definido, ver Mt 23.29-31; Mc 8.28; etc.
[66] Mt 10.1-4; Gl 1.15-16.
[67] 1 Co 15.51-52; 2 Ts 2.1-12. O livro de Apocalipse é uma profecia (ver Ap 1.3; 22.18-19) escrita por um apóstolo.
[68] 1 Ts 2.13; 2 Pe 3.16.
[69] Gl 1.8-9; 1 Co 14.37.
[70] Ver At 11.27-28; 21.11. Notar que estes são os dois únicos casos registrados no Novo Testamento de profecia predictiva relacionada com eventos contemporâneos e a vida particular de alguém. Notar ainda que, em ambos os casos, estas profecias envolviam a vida do apóstolo Paulo e suas viagens missionárias. As palavras de Ágabo cumpriram-se literalmente, à semelhança das palavras dos antigos profetas.
[71] Ver At 15.32; 1 Co 14.3.
[72] Ef 3.5.
[73] Ver 1 Co 14.3,31; 14.24-25. Sobre o efeito penetrante da Palavra, e seu poder para sondar os corações, ver Hb 4.12-13.
[74] 1 Ts 5.20.
[75] Em Ap 22.18-19 proíbe-se o acréscimo ou a omissão de qualquer coisa à profecia que João escreveu. Ao ser colocado pela Igreja ao fim do Cânon das Escrituras, este mandamento adquire uma dimensão mais ampla, que extrapola o livro de Apocalipse, e se estende para os demais livros bíblicos, refletindo a convicção da Igreja de que a profecia, como veículo da revelação divina, encerrou-se com o Cânon.
[76] Ef 2.20; 3.5. O fundamento da Igreja é Cristo. Ao difundir o Evangelho, os apóstolos estavam lançando o fundamento da Igreja (cf. 1 Co 3.10-11).
[77] Ver At 21.11; 1 Tm 1.18; 4.14.
[78] O Senhor Jesus denunciou o erro religioso dos saduceus como devido a uma interpretação errada das Escrituras, Mt 22.29. Semelhantemente, os fariseus, com suas interpretações casuísticas da Lei de Moisés, criaram um sistema religioso equivocado, Mc 7.6-13.
[79] Ao serem acusados de impor suas interpretações particulares aos outros, Lutero e Calvino responderam demonstrando que suas interpretações podiam ser encontradas nos escritos dos primeiros Pais da Igreja (líderes de 100 a 500 D.C.). É significativo que a cada nova edição das suas “Institutas da Religião Cristã,” Calvino adicionava mais e mais citações dos Pais da Igreja e de teólogos e exegetas que o antecederam.
[80] 2 Pe 1.20. O termo e)pilu/sewj traduzido por “elucidação” deve ser entendido como “interpretação,” conforme a NVI (Nova Versão Internacional).
[81] Confissão de Fé, I , 6.
[82] Sl 119.18, 33-34; Lc 24.44-45.
[83] A evidência bíblica mais clara contra este ensino é o fato de que Paulo nega a condição de “espirituais” aos Coríntios, os quais enfatizavam as línguas como um dos melhores dons do Espírito, e os critica como sendo “carnais, meninos em Cristo” (1 Co 2.6; 3.1-3; 14.37).
[84] 1 Co 12.7; Ef 4.10-12; 1 Co 14.4,12,15-17, 19.

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Servo e Discipulo do Senhor Jesus Cristo, congrego desde Janeiro de 2013 na Congregação Presbiterial de Jundiapeba filiada a Igreja Presbiteriana Unida de Suzano, Igreja Presbiteriana do Brasil, Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo. Este Canal não é oficial da IPB, que somente disponibiliza videos dos cultos, reuniões, trabalhos da IP de Jundiapeba - IPJ.

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