quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CRENTES JUDEUS E GENTIOS

A missão de Jesus Cristo (Yeshua Ha Mashiach) foi primeiramente anunciar ao povo judeu, o cumprimento das promessas e profecias contidas na Torah (Lei), nos escritos dos profetas e nos poéticos.
Parece-nos que a Igreja judia e gentílica é uma congregação dos eleitos que crêem no prometido (Genêsis 3:15), portanto, entendemos que a visão missionária da Igreja apresenta três aspectos fundamentais:
O Primeiro consiste em revelar o Messias Yeshua ao povo de Israel; daí podemos subtrair que um judeu convertido continua sendo sempre um judeu, portanto, aceitar o testemunho de Yeshua (Jesus) não significa em hipótese alguma mudar de religião ou deixar a tradição judaíca (Atos 21:20). O judeu messiânico ou o crente judeu tem o firme compromisso com a Torah (Lei) e a aliança de Abraão, tendo a obrigação de circuncidar os seus filhos, segundo a ordenação dada pelo Eterno em Gênesis 17:8-14.
O segundo aspecto é anunciar a todos os povos as boas notícias da salvação proporcionada pelo Eterno, o Senhor Deus, o Pai Eterno, a qual está fundamentada no sacrifício perfeito do Seu Filho, Yeshua Ha Mashiach (Jesus Cristo). Yeshua é o “Korban” (oferta pelo pecado) do Eterno, o Cordeiro de Deus (que tira o pecado do mundo), que ofereceu o seu corpo voluntariamente como sacrifício a fim de salvar Israel e, também, pessoas de todas as nações que venham a aceitar o seu testemunho, sendo assim enxertadas na oliveira. Se a disposição de Abraão em sacrificar o seu filho Isaque, e a atitude de Isaque em se submeter ao sacrifício, veio a se tornar a base para os sacrifícios dos animais oferecidos no Tabernáculo e no Templo, o sacrifício do Messias, por sua vez, plenificou todos os sacrifícios e os substituiu plenamente.
Também, entendemos que todos os gentios que aceitam o testemunho de Jesus (Yeshua) precisam obedecer as “leis noéticas” que estão registradas no livro de Gênesis 9:4,5,6 e Atos 15:20,21,25, sem a necessidade de passarem pela circuncisão, segundo o conselho dado pelos líderes da igreja do primeiro século. Porém, é importante sabermos que os gentios crentes precisam respeitar a Torah do Eterno (a Lei), e ter os preceitos como referencial do que é certo e do que é errado. Mesmo as leis que não se aplicam diretamente aos crentes gentios, mas apenas ao povo judeu, devem ser respeitadas pelos gentios, pois foram estabelecidas pelo Eterno e o próprio Messias Yeshua (Jesus Cristo) disse que jamais seriam revogadas ou destruídas (Mateus 5:17-19).
Acreditamos também que os crentes gentios podem aplicar às suas vidas mais “mitsvot(1)”, além das leis noéticas, sem contudo serem impostas como obrigação, a fim de terem uma vida espiritual mais consistente e substancial. Porém, para que não haja dúvida, algumas “mitsvot” são aplicáveis apenas ao crente judeu ou o povo judeu, como é o caso da circuncisão.
Na verdade, embora a lei e a graça tenham funções distintas, elas interagem, e assim o conceito de que a graça anulou a lei é completamente equivocado e contrário ao ensinamento do Messias Yeshua (Cristo Jesus) e a própria Bíblia como um todo, conforme também, ensinou os reformadores e as confissões de Fé de batistas e Westminster.
Embora a salvação brote pela manifestação da graça e da misericórdia de Deus, é a lei que nos concede qualidade de vida, proporcionando-nos muitos livramentos e nos ensinando a andar de forma correta na presença do Eterno. Como disse o apóstolo Paulo (Rabino Shaul): Somos salvos pela graça, por meio da fé (atitude de entrega a Deus, que é acompanhada por um sentimento de profundo arrependimento), para as boas obras (obediência aos mandamentos e a direção do espírito de Deus em nossas vidas) (Efésios 2:8-10).
Em outras palavras, a salvação nos é concedida pela graça e após esta experiência somos capacitados espiritualmente a termos um padrão bem mais próximo ao requerido pelo Eterno, embora não perfeito, pois só o Messias alcançou esta perfeição diante do Todo Poderoso, por ter sido gerado com uma alma Divina e substância Divina, tendo sido chamado de Filho de Deus.
Porém, mesmo Jesus foi provado e alcançou a aprovação por meio da sua obediência, correspondendo a expectativa do Eterno ao se sujeitar a Sua vontade, entregando a sua vida como um sacrifício perfeito, para depois retomá-la e se tornar o Senhor da terra e dos céus, por delegação do Eterno.
O próprio Pai, o Todo Poderoso, testificou do Messias, dizendo: “E, veja! Um som vindo dos céus disse: Este é o Meu Filho querido em quem tenho o prazer de ouvir” (Mateus 17:5 – tradução literal), e “Sim, Ele (o Eterno) proclamou: Pouco é seres o Meu servo para reerguer as tribos de Jacó, e restaurar os remanescentes (os que foram preservados) de Israel. Também te estabeleci como luz para as nações (gentios), para seres (para que através de ti) a Minha salvação até as extremidades (confins) da terra” (Isaías 49:6).
Deste modo concluímos, que se espera de nós após a experiência da salvação, um esforço consciente para obedecer a inclinação do Espírito de Deus em nós, que inevitavelmente nos guiará a vivermos segundo os princípios estabelecidos na Lei de Deus (Torah), como lemos nos profetas e no Novo Testamento (Nova Aliança - B'rit Chadashá): “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Eterno: na mente, lhe imprimirei a minha lei (Torah), também no coração lhas escreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33, Hebreus 8:10).
O terceiro aspecto é o ensino da Lei (Torah), que consiste nos preceitos e instruções do Eterno, dados originalmente ao povo judeu no Sinai e registrados nos cinco primeiros livros da Bíblia. Estes preceitos não foram anulados, como já falamos; o que foi revogado foi a Lei Cerimonial, prevalecendo a Lei Moral, e em certas circunstâncias e culturas as suas ramificações da Lei Moral.
Acerca disto, Jesus (Yeshua) se pronunciou de forma muito clara quando disse: “Não pensem que vim abolir a Lei (Torah) ou os profetas. Não vim abolir, mas completar ou cumprir (tornar pleno). Amém! Porque digo a vocês: até que o céu e a terra passem, um “yod” (menor letra hebraica) ou apenas um “traço” (pequenas linhas que formam as letras hebraicas) não passarão (não serão tirados) da lei, até que tudo venha a existência (se cumpra). Conseqüentemente, quem declarar ilegal (destruir) apenas um dos menores mandamentos (mitsvot), e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos Céus, mas quem observar (fazer) e ensinar será chamado grande no Reino dos Céus” (Mateus 5:17-19 – tradução literal).
Como já vimos, a Lei (Torah) é o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, e no sentido mais amplo, significa “instrução”, ou seja, os princípios dados pelo Eterno para termos uma vida santificada e abençoada. A Torah conhecida como a Lei de Moisés revela o caráter de Deus através do padrão de valores contidos nos preceitos.
O Novo testamento ou a Nova Aliança enfatiza o aspecto do amor e da misericórdia do Eterno, através do exemplo de vida de Cristo Jesus (Messias Yeshua), o Filho do Deus vivo.
Mas é bom lembrar que tanto o aspecto dos valores como da manifestação do amor e misericórdia estão presentes em ambos.
Na verdade, concluímos que a Torah (Lei), os profetas, os livros proféticos, poéticos e salmos, e o Novo Pacto, ou Novo Testamento ou Nova Aliança se complementam e são por natureza inseparáveis, pois revelam o plano de Deus para restaurar a terra e constituir filhos semelhantes ao Seu Filho unigênito, Jesus Cristo(2).
Marcel Lopes Batista
O servo de Jesus Cristo
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1 Mitsvot: Mandamentos, e de forma geral: leis, preceitos, estatutos, e ordenanças
2 Capítulo XIII — DA HARMONIA ENTRE A LEI E O EVANGELHO da Declaração de Fé Batista Nacional – “Cremos que a lei de Deus é a regra eterna e imutável de seu governo moral; que é santa, justa e boa, e que a incapacidade atribuída pelas escrituras ao homem decaído para cumprir os seus preceitos, deriva inteiramente do amor que ele tem pelo pecado; que um dos grandes objetivos do evangelho e dos meios da graça relacionados com o estabelecimento da igreja visível, é o de libertar os homens do pecado e restaurá-los, através de um Mediador, à obediência sincera à santa lei. (SI 19.7-11; Mt 5.17; 16.17,18; Lc 16.17; Rm 3.20,31; 4.15; 7.7,12,14,22; 8.2-4; 10.4; 1Co 12.28; Gl 3.21; 1Tm 1.15; Hb 8.10; Jd 20,21).”

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Servo e Discipulo do Senhor Jesus Cristo, congrego desde Janeiro de 2013 na Congregação Presbiterial de Jundiapeba filiada a Igreja Presbiteriana Unida de Suzano, Igreja Presbiteriana do Brasil, Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo. Este Canal não é oficial da IPB, que somente disponibiliza videos dos cultos, reuniões, trabalhos da IP de Jundiapeba - IPJ.

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